A melhora no nível técnico das categorias de base no Campeonato Gaúcho de Adestramento de 2021 chamou a atenção de Petra Garbade, uma das juízas do concurso e diretora de adestramento da Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE). No entanto, nas séries mais fortes, a percepção foi inversa. “Nas categorias mais altas, ao contrário, o nível técnico baixou bastante”, disse Garbade. O CGA ocorreu nos dias 18 e 19 de dezembro na Sociedade Hípica Porto-alegrense e teve um número de participantes menor que o registrado em 2020.

Clique e seja um apoiador via Paypal. Você que escolhe o valor!
Você também pode contribuir anunciando ou fazendo Pix (contato@adestramentobrasil.com)
Para Clara Machado, diretora do concurso e que também julgou provas, o evento mostrou o crescimento do nível técnico dos participantes. “Isso é resultante do trabalho desenvolvido ao longo do ano de 2021, com a realização do Fórum de Adestramento (leia aqui) e de clínicas por iniciativa do grupo Adestramento in Progress”, disse.
Com 34 conjuntos na disputa em 2021, o Campeonato Gaúcho sofreu uma redução na quantidade de inscritos, em comparação aos 51 de 2020. Segundo Garbade, a mudança de duas profissionais do Centro Equestre Camboatã para São Paulo pesou para a redução, além da ausência de cavaleiros do exército também.
“Aqui, no Rio Grande do Sul, temos quatro ou cinco locais onde as pessoas praticam adestramento e isso é um problema nacional: são poucos manèges onde as pessoas praticam adestramento. Fica difícil evoluir o esporte. Um terço dos cavaleiros que entraram no campeonato eram da minha casa”, disse Garbade.
Neste ano, não houve provas oficiais de adestramento da federação gaúcha, mas foram realizadas provas interclubes com realização de palestras após as competições pelo Adestramento in Progress, uma iniciativa criada por Clara Machado e Petra Garbade para fomentar o esporte.
Além de Machado e Garbade, o CGA teve como juízes Claudia Mesquita, Ricardo Leão e Delano de Miranda. “O que arrecadamos com o Fórum de Adestramento nos possibilitou trazer a Claudia, senão, não teria como”, explicou Garbade.
De saída — Em entrevista ao Adestramento Brasil, Garbade contou que deve se desligar do cargo de diretora de adestramento da FGEE para desacelerar um pouco e se dedicar a assuntos pessoais. Ela também lamentou a falta de incentivo ao adestramento. “Tem de haver mudanças, desde a formação da base até as federações, para que realmente incentivem e façam com que as escolas e as pessoas tenham uma cultura um pouco diferente. Não será um cursinho online que vai resolver tudo” ressaltou.
Uma crítica foi com relação ao fato de as hípicas não apresentarem aos alunos todas as possibilidades de esportes que existem e focarem apenas no salto. “Vão continuar saltando, porque é muito mais fácil. Mas, se nas escolas tivermos uma cultura um pouco diferente com as pessoas aprendendo a montar bem e não do jeito que estão montando, vão poder fazer escolhas conhecendo as diversas modalidades, com o professor, desde o primeiro dia, dizendo: se tu quiseres passear, gostar de fazer algum tipo de competição, quem sabe vai pro enduro; quem tem coragem e muito talento vai para o CCE; não gosto de salta, mas gosto de montar vai para o adestramento”, disse.