FGEE manteve Desafio Brasil RS; prova reuniu 20 conjuntos em 14/9

Enquanto federações hípicas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná cancelaram provas previstas para setembro para evitar uma possível contaminação dos cavalos pelo herpes-vírus, a Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE) manteve o Desafio Brasil de Adestramento no Rio Grande do Sul no último fim de semana (14 e 15/9). A prova foi no Centro Equestre HGG (Porto Alegre, RS) com cerca de 20 conjuntos representando quatro hípicas: HGG, Centro Hípico Lacan, Centro Hípico Recanto do Pinheiro e Bevito.


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“Quando surgiu a história do herpes-vírus, eu procurei me informar em todos os lugares sobre qual o risco eu teria com os animais que iriam à prova, porque uma coisa é fazer uma prova com 300 cavalos, que é mais fácil ter contaminação, e outra, como foi na minha casa, com 20 cavalos, podendo mantê-los afastados, sem contato e com medição da temperatura deles feita pela comissária Adriana Pires, que também é veterinária. A partir de quando eu soube quais cavalos iriam — dos 20, foram só sete de fora — eu pesquisei para saber o histórico deles”, explicou ao Adestramento Brasil a presidente da entidade organizadora, o Centro Equestre HGG, Petra Garbade.

No último dia 12/9, 39 cavalos da Sociedade Hípica Paranaense (SHPr) entraram em isolamento, após resultado de exame PCR ter apontado para transmissão ativa do EHV-1 — os cavalos estavam clinicamente bem e assintomáticos. Tudo começou quando duas éguas que participaram do CSI-W Longines São Paulo Horse Show, o Indoor da Sociedade Hípica Paulista, entre 20 e 25 de agosto, apresentaram quadro de febre, temperatura elevada e evoluíram para o caso neurológico depois de retornarem da SHP para a Sociedade Hípica Paranaense.

Elas foram diagnosticadas com EHV-1 na sua forma neurológica e uma delas foi a óbito; a outra se recupera bem. Ambas apresentaram os sintomas oito dias depois da chegada à SHPr e o exame PCR saiu positivo no domingo, 8/9, quando o veterinário Alexandro Giordani emitiu um comunicado à comunidade hípica informando quanto ao fechamento temporário da SHPr.

Na última sexta (13/9), a Confederação Brasileira de Hipismo emitiu comunicado orientando que todos os eventos hípicos programados para ocorrerem entre 16 e 30 de setembro fossem cancelados ou adiados e que não houvesse trânsito de animais no período. O período de suspensão de provas estipulado pela CBH abriu brecha para a realização do Desafio Brasil, que é uma prova que conta pontos para o ranking da confederação.

Em resposta a este noticiário, a CBH disse que cada federação estadual tem liberdade para realização de concursos nacionais. “Em 13 de setembro, a CBH recomendou a paralisação geral entre 16 e 30 setembro, até novo posicionamento, o que foi prontamente atendido. Antes, porém, houve uma recomendação para que todas federações, ou seja, entidades filiadas e organizadoras de concursos hípicos realizassem o monitoramento diário com medição de temperatura, exames clínicos e outros cuidados a cargo dos respectivos veterinários”, diz a nota enviada ao site.

“Considerando que, até o momento, os casos confirmados foram na Sociedade Hípica Paranaense, os eventos estaduais, nacionais já programados entre 12 e 15/9 ocorreram com controle sanitário protocolar, o que inclui a vacina da influenza EHV-1, que também reduz a probabilidade de transmissão, além de especial atenção a qualquer sintoma”, continua a nota.

“O grande perigo é a circulação de animais. Quando tivemos o primeiro cenário da doença essa eventual circulação já havia acontecido e os animais já estavam nos locais de competição. Não havia qualquer sentido impedir competições com todos os animais no local e o monitoramento necessário. Porém, novas circulações não são recomendadas, mesmo em locais com nenhum caso positivo. Recomenda-se ainda que todos os cavalos que competiram em estaduais e nacionais, nos meses de julho, agosto e setembro sejam especialmente monitorados. Temos convicção que o interesse maior de todos — veterinários, federações, clubes, proprietários de cavalos, criadores e atletas — é o controle da situação e o total respeito aos protocolos sanitários e bem-estar dos cavalos”, finalizou a CBH.

No Rio Grande do Sul, pesou também o fato de o Desafio Brasil já ter sido adiado por causa das enchentes no Estado e que não haveria outra data, segundo Garbade, para conciliar as agendas e realizá-los.

“Está muito claro que em nenhum lugar se fala em proibir, há apenas uma recomendação. O herpes-vírus não é uma doença de notificação obrigatória e tem parâmetros diferentes aos que muita gente anda falando. Este vírus circula no Brasil há bastante tempo. O fato de dar PCR positivo é algo muito normal”, disse Petra Garbade. “Eu tenho 75 cavalos na minha casa, não iria colocá-los em risco”, acrescentou.

Todo o cenário levou a amazona Elisa Müller, que monta em seu próprio haras no RS, ainda que represente formalmente a SHPA, a desistir de participar do Desafio Brasil. “Eu estava muito feliz que iria participar do meu primeiro Desafio Brasil RS levando dois cavalos. Fiz a inscrição, mas fui surpreendida na véspera da prova (13/9) pela Circular Oficial da CBH. Me causou espanto que — mesmo diante da gravidade da situação —, a CBH abriu uma janela temporal permissiva para que provas marcadas para os dias 14 e 15/9 acontecessem legitimamente. No RS, a FGEE e os organizadores mantiveram a data da prova. Isso me submeteu a um conflito: devo ir à prova e correr o risco de contaminar meus cavalos ou devo preservar a saúde deles?”, apontou.

“A comunidade equestre vem sendo duramente criticada por questões relativas ao bem-estar animal e sua utilização em esportes. Por isso, precisamos pensar melhor e aprofundar os fundamentos que baseiam nossas decisões. E, nós, que amamos os esportes equestres, precisamos estar atentos a isso, sob pena de um dia o uso do cavalo para fins equestres ser banido pela forte ação da opinião pública junto aos poderes reguladores e legislativos”, continuou a atleta amadora.

A FGEE também manteve, pelo menos até o momento, a realização da 5ª Etapa Copa Gaúcha de Escolas (salto), no Centro Hípico Vale do Sinos, no dia 21/9.

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