Não se pode cair na tentação de solucionar problemas que aparecem no treino do dia a dia de forma rápida e sem prestar a devida atenção aos fundamentos. O alerta vem do atleta profissional e treinador Sergio de Fiori, que ministrou uma clínica no Rio de Janeiro a convite da Confederação Brasileira de Hipismo. “É uma situação normal, na qual todo atleta acaba caindo algum dia. Mas é a técnica consistente, e não os atalhos, que garante evolução do conjunto cavalo-atleta ao longo do tempo”, ressalta o ex-diretor de adestramento da CBH.
“Isso significa que é preciso se perguntar, por exemplo, se o galope está com suficiente atividade, se o passo está acelerado, se os braços do atleta estão bem posicionados, se a rédea interna está matando a impulsão etc. Todas essas coisas podem ser rapidamente corrigidas e os cavalos sempre respondem. Mas é preciso ousar fazer as coisas certas — aliás, é preciso um pouco de ousadia para montar bem”, frisa.
A convite da CBH e com objetivo de fomentar a modalidade, Fiori ministrou uma clínica no Rio de Janeiro a conjuntos previamente selecionados, dos níveis elementar, preliminar e média 1. “Mais importante do que treinar as figuras de cada série, optamos por focar a maior parte do nosso tempo juntos em melhorar aspectos básicos de cada conjunto, na escala de treinamento e na posição e no assento de cada atleta; e em como essas coisas se relacionam”, conta Fiori. “Fiquei muito contente com as atletas, porque vimos que em apenas dois dias todos os cavalos melhoraram”, acrescenta.
Confira a seguir quais foram os principais aprendizados de quem participou:
“Adorei o jeito calmo do Sérgio”, diz Brittany Cane Yamamoto, 42 anos e que anda a cavalo desde os três anos de idade, sendo desde 2015 no adestramento de maneira intermitente. O objetivo dela era ter o olhar de um outro profissional. “Ficar com as mãos mais juntas e com a coxa da perna interna mais colada à sela; dá uma sensação muito boa de montar de perna de dentro para a rédea de fora; o cavalo fica bem cadenciado e equilibrado”, falou sobre o maior aprendizado com sua montaria Frevo.
Fernanda Godoi, 44 anos e que monta Centauro Fadista, diz que sempre gostou do adestramento e de fazer as coisas perfeitas. “Achei interessante o modo dele ministrar a clínica, o olho cirúrgico dele para saber onde mexer para poder ajustar o conjunto. A fala mansa mas firme. O maior aprendizado é saber que sempre preciso melhorar. O cavalo é bom, o problema sou eu. E vou buscar essa melhora. No meu caso, ele trabalhou muito a questão do contato e apoio. E já estou aplicando isso nos treinos”, assinalou.
“Participei da clínica montando o Mancha, com o objetivo de aprimorar minha percepção e refinar a sensibilidade na comunicação com o cavalo. O que mais me marcou foi a atenção e o cuidado do Sérgio em cada explicação, ele tem uma forma muito especial de ensinar. O maior aprendizado que levo dessas aulas é a importância da paciência, da observação e da leveza na comunicação com o cavalo. São valores que não servem apenas para a equitação, mas também para a vida”, disse Maria Eduarda Gomes, de 18 anos e que monta há quatro.
Manuela Orsini, de 13 anos, participou com Novilheiro, que monta há cinco anos. O objetivo era melhorar os detalhes, aprender coisas novas e se divertir. “Eu achei a clínica excelente. O Sérgio é um ótimo instrutor, calmo e paciente, e ensinou muitos recursos novos que vão me ajudar muito a trabalhar o Novilheiro com mais ferramentas. Adoraria que pudéssemos ter mais clínicas como essa no Rio. O meu maior aprendizado foi entender como melhorar as minhas ajudas usando melhor as pernas, perceber que manter o cavalo calmo e relaxado durante todo o trabalho interfere muito na qualidade das andaduras, e usar o meu peso na sela para ter uma comunicação mais clara. Fiquei também feliz em poder aprender tudo isso com tanta leveza”, apontou.
Aprender com o olhar de outro instrutor e juiz de adestramento também foi a meta de Marina Tamm, 37 anos, 13 deles em cima do cavalo. Ela fez as aulas com Emotivo do Rincão. “Fiquei muito feliz com a oportunidade. Sérgio é super didático, tem muita experiência e tranquilidade para passar seus conhecimentos”. Sobre os aprendizados, disse: “encurtar as rédeas, não acelerar o cavalo ao passo e usar mais o exercício de espádua a dentro para corrigir a assimetria do meu cavalo”.
Giovanna Barros, de 15 anos, buscava melhorar o conjunto com seu cavalo Ibraim RJ, para conseguir executar os movimentos da reprise melhor, além da experiência de montar com um profissional excepcional. “Achei muito boa, tiveram muitas melhoras durante a clínica e muitas dicas importantes. O maior aprendizado que eu levei das aulas com o Sérgio foi em relação à minha posição, principalmente das minhas mãos, que sempre que conseguia deixá-las bem posicionadas, os exercícios rendiam melhor”, contou.
Cavaleira de salto e adestramento, Maria Eduarda Costa Araújo tem 15 anos e monta há seis anos. “Este ano, uma nova e emocionante jornada começou com a chegada do meu cavalo, Super Simples GMS. Decidi introduzi-lo no adestramento, e tenho me surpreendido com sua rápida adaptação e vontade de aprender. Foram dois dias de aprendizado que reforçaram exatamente o que buscamos: consolidar os fundamentos, com andaduras regulares, ritmadas e relaxadas; desenvolver o equilíbrio, buscando mais peso nos posteriores para uma frente mais leve; e refinar a comunicação, com transições suaves e precisas”, enumerou a amazona que treina para preliminar.
“A abordagem técnica, pautada na clareza dos fundamentos e no respeito ao animal, proporcionou um avanço significativo em aspectos essenciais, tais como o estabelecimento de um equilíbrio adequado e a qualidade das transições. A metodologia aplicada não apenas reforçou a base necessária para a evolução esportiva do animal, como também ampliou minha compreensão sobre a aplicação correta dos auxílios e a importância da precisão na execução dos movimentos. Os resultados observados superaram as expectativas, e estou confiante de que os conhecimentos transmitidos serão de fundamental importância para nossa contínua progressão nesta modalidade”, acrescentou Maria Eduarda.
Foto: divulgação


