Os Jogos Pan-Americanos neste ano seguiram o modelo híbrido tendo provas de big e small tour, mas a meta é seguir evoluindo para firmar a competição no mesmo nível dos Jogos Olímpicos. “Eu adoro legado. Melhorar o nível do desporto é o nosso principal objetivo e dissemos isso à comunidade, às Federações Nacionais e aos atletas, e todos estão comprometidos com isso. Se conseguirmos ter os próximos Jogos Pan-Americanos todos no big tour, ficarei muito orgulhoso”, disse, em entrevista para a FEI, desde Santiago, no Chile, Cesar Hirsch, presidente da Confederação Equestre Pan-Americana (PAEC, pela sigla em inglês). Para Hirsch, o nível do Pan de Santiago, em comparação com Jogos Pan-Americanos anteriores, aumentou.
Depois das Olimpíadas, os Jogos Pan-Americanos são um dos jogos multiesportivos mais importantes do mundo, sendo um qualificador olímpico no hipismo — e em outros esportes também. “Ter o Equador conquistando a medalha de ouro individual e o Chile conquistando a segunda vaga individual para Paris 2024 mostra que o adestramento está se desenvolvendo na direção certa. E a equipe do Chile terminou em quarto lugar e pouco mais de oito pontos atrás dos medalhistas de bronze do Canadá”, disse Hirsch, que está envolvido com os Jogos Pan-Americanos desde 1999 ocupando diferentes cargos.
Ele apontou ainda que, na região, são nove atletas individuais já com MERs para os Jogos Olímpicos de Paris, que contam com os EUA já qualificados em adestramento e o Brasil e o Canadá se juntando a eles.
Falando sobre a organização de Santiago 2023, ele disse estar “muito orgulhoso do Chile e da equipe organizadora. Contou ainda que o PAEC esteve muito envolvido desde o primeiro dia, com ele mesmo estando no país dez vezes para supervisionar as coisas e chegando a Quillota 14 dias antes da chegada dos cavalos. “Os estábulos são bons, a clínica veterinária, montada e em pleno funcionamento e o transporte aeroportuário funcionou muito bem. As autoridades chilenas estão realmente comprometidas com os Jogos”, afirmou à FEI.
Cesar Hirsch também relatou que foram mudados todos os fundamentos das arenas, feita irrigação subaquática, os estábulos foram totalmente reformados, a clínica veterinária também foi reformada, sendo acrescentada uma sala de recuperação e cirurgia. “Foi um investimento enorme e houve momentos em que tivemos que trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana, mas é tudo uma questão de legado e de proporcionar as melhores condições para que os atletas e cavalos pratiquem um grande desporto”, destacou na entrevista.
Falando sobre o ciclo olímpico, Hirsch explicou as diferenças entre os diferentes jogos da região. “Os Jogos Bolivarianos são para Panamá, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru. Os Jogos Centro-Americanos são apenas para a América Central — da Guatemala ao Panamá — e os dois acontecem no mesmo ano. No ano seguinte, temos os Jogos Centro-Americanos e do Caribe, que envolvem o México, toda a América Central, Colômbia, Venezuela e as ilhas do Caribe. São organizações diferentes, com padrões de competição diferentes, mas são trampolins no caminho para os Pan-Americanos, construindo, ano após ano, melhorar o nível do esporte”, apontou.
Então, os Jogos Bolivarianos têm certos requisitos técnicos, os Centro-Americanos são um pouco mais altos, depois você vai para a América Central e Caribe e depois para os Pan-Americanos. Na região Sul, você tem os Jogos Sul-Americanos para países que vão da Venezuela e Colômbia até a Argentina e são eliminatórias para os Jogos Pan-Americanos, que envolvem todas as Américas e deles seguem para as Olimpíadas.
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Histórico
Hirsch vem de uma família com tradição com cavalos. “Competi em young riders e saltei internacionalmente; fiz um pouco de adestramento, porque tínhamos instrutores chilenos desta escola em Quillota que foram meus professores na Venezuela. Na década de 1980, nos mudamos para os Estados Unidos, onde fiz escola e universidade, e, quando voltei, me envolvi mais com o desenvolvimento do esporte”, disse.
“Levei cavaleiros internacionais para administrar clínicas na Venezuela, o primeiro foi Greg Best (EUA, dupla medalha de prata no salto nos Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia, em 1988). Também participei do Comitê Organizador de uma competição internacional no fim dos anos 1980 que se transformou em eliminatória para a Copa do Mundo e os Jogos Mundiais. Em 1995, obtive a minha primeira licença de juiz e, no ano seguinte, fiz o curso de steward. Meus primeiros Jogos foram os Jogos Bolivarianos de 1997, no Peru, como comissário-chefe. Então, em 1998, fui comissário-chefe dos Jogos Centro-Americanos e do Caribe e 1999 foi meu primeiro Pan-Americano, onde fui membro estrangeiro do comitê de apelações. Estive envolvido em todos os Jogos Pan-Americanos desde então, em diferentes funções”, detalhou.
Em 2003, em Santo Domingo (República Dominicana), ele foi comissário-chefe, assim como no Rio de Janeiro, em 2007, e em Guadalajara (México) em 2011. Em 2015, foi membro do júri de campo no salto; em 2019, foi diretor de competição, e, nesses Jogos — seu sétimo Pan-Americano consecutivo — é presidente do PAEC. Para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, será, novamente, comissário-chefe geral.
Hoje ele mora nos EUA e na França, é dono de uma empresa de logística com 120 empregados e 60 caminhões. E, em Wellington (Flórida, EUA), possui uma pequena rede de lojas que vende equipamentos para cavalos de alta qualidade, chamada Equis. “Sou um juiz de nível 4 e um comissário de nível 4 e somos apenas dois no mundo — Frances Trulzi e eu. Utilizo toda essa experiência para fazer o melhor que posso e não tenho nenhum conflito de interesses, não ganho dinheiro com o esporte, não tenho família nem cavalos nem nada no esporte. Sou só eu – e o que você vê é o que você obtém!”
Foto: divulgação FEI / Shannon Brinkman
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