Dona de 14 medalhas olímpicas, Isabell Werth defendeu, nas Olimpíadas de Paris, um melhor bem-estar dos cavalos. As declarações têm como pano de fundo uma denúncia feita à Federação Equestre Internacional, baseada em vídeo de anos atrás, contra a britânica três vezes medalhista de ouro em adestramento e uma das favoritas ao pódio, Charlotte Dujardin, que ficou fora de Paris. A agência internacional The Associated Press apontou que Werth foi clara sobre a necessidade de uma mudança cultural significativa para acabar com a violência contra os cavalos.
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Segundo AP, Werth disse: “nós vimos alguns vídeos realmente ruins, todos nós sabemos, e temos que estar cientes. E o mais importante é que todos nós tenhamos a mente realmente aberta, temos de ter. Se algo aconteceu da maneira errada, temos de impedir imediatamente. Esta é uma responsabilidade de todos nós. Se amamos o esporte e se queremos mantê-lo, é isso que temos que fazer”.
No fim de julho, Werth já havia se pronunciado sobre o caso de Charlotte Dujardin. Para a Reuters, a atleta mais condecorada do adestramento com sete medalhas de ouro por equipe, uma de ouro individual e seis de prata individuais em Olimpíadas disse que os esportes equestres precisam de uma mudança cultural para garantir seu futuro. Falou estar incrivelmente triste.
“Precisamos estabelecer uma cultura de respeito ao cavalo como criatura. A educação é importante, mas esta violência sem sentido não deve acontecer, porque caso contrário, teremos dificuldade em defender o nosso caso perante o resto do mundo”, afirmou à Reuters (leia aqui).
A opinião de Werth vai na linha do que falou ao Adestramento Brasil, no ano passado, o juiz FEI L4/5* Hans-Christian Matthiesen. Ele enfatizou que sem educar as pessoas, tanto do meio do adestramento quanto de fora, os esportes equestres correm o risco de acabar. “Somos uma comunidade muito pequena. O mundo equestre é muito isolado, tendemos a permanecer nos nossos clubes e não olhamos para o mundo exterior. Precisamos que as pessoas de fora entendam a nossa forma de ter cavalos, porque senão não teremos o esporte daqui a 15 ou 20 anos”, alertou ele.
Em sua cobertura sobre Paris 2024, o jornal The New York Times publicou que o esporte equestre como um todo foi rápido em condenar Dujardin, mas afirmou que “os cavaleiros sabem que palavras por si só não desfarão a série de controvérsias que lançaram uma sombra sobre a competição este ano”.
A publicação citou o também britânico Carl Hester: “Temos que mostrar os pontos positivos do esporte”, disse Hester, “porque quando você vê as multidões aqui, tantas pessoas curtindo, isso lhe dá esperança de que o hipismo pode sobreviver”.
Werth e Helgstrand Dressage
No início do ano, Werth teve sua relação com Helgstrand Dressage questionada após o centro de treinamento ser tema do documentário “Operação X: Segredos do Bilionário dos Cavalos”, exibido, em novembro passado, no canal dinamarquês TV 2 e que mostrou supostos abusos de cavalos. Isso porque a égua Wendy, montaria com quem Werth assegurou medalhas de ouro e prata em Paris 2024, veio dos estábulos de Andreas Helgstrand, um medalhista de bronze olímpico em adestramento por equipe com a Dinamarca nos Jogos de 2008 e que está suspenso pela FEI e federação equestre dinamarquesa até 31 de dezembro, como resultado da veiculação do documentário.
Na ocasião, a amazona de adestramento mais condecorada do mundo emitiu uma declaração pública em seus canais de mídia social na qual afirmou haver muita discussão acontecendo no momento, entre amantes de cavalos, cavaleiros e ativistas do bem-estar animal.
“Houve fotos muito feias, que precisam de consequências. No entanto, estou preocupada, que seja uma controvérsia que nos divide, embora na verdade haja uma coisa que nos une e que é o amor pelos cavalos. É por isso que devemos resolver algumas coisas”, escreveu em suas redes sociais.
Werth não quis fazer julgamentos rápidos de eventos dos quais não testemunhou pessoalmente. E clamou por uma discussão honesta e justa para mostrar a diferença entre equitação ruim e abuso animal. Leia aqui a íntegra do comunicado:
No entanto, em Paris, quando jornalista da Dinamarca pediu a Werth para comentar sobre a suspensão de Helgstrand durante as provas, ela teria se irritado. “Eu não discuto isso aqui. Nem mais Charlotte, nem mais Andreas, nem mais Parro, nada mais. Tudo está dito”, publicou AP. “Eu tenho uma égua fantástica, e uma égua muito ótima e amada, e eu tenho outros cavalos super da Helgstrand Dressage, então não há mais nada a discutir.”
Crédito foto: FEI / Benjamin Clark



