Como deve ser a preparação do cavalo antes do treino? A escovação é mesmo necessária? Quais são as recomendações do que fazer depois de montar? Temos sempre de dar banho? Quem tira essas e outras dúvidas sobre esses procedimentos e compartilha algumas boas práticas visando ao bem-estar do cavalo é Viviane Campesato, formada em ciências biológicas, mestre em genética e biologia molecular e doutora em ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além de certificada pelo sistema FEI Coach nível II e palestrante da Horse Guide.

Confira a seguir as orientações da Viviane Campesato neste Pergunte ao Expert.

Preparando o cavalo
“O cavalo é um animal de hábito. Então, quando você entra na cocheira com o cabresto na mão, ele já sabe que o cabresto vai ser colocado nele por algum motivo. E aqui um lembrete: é preciso sair da baia primeiro do que ele e ter o cuidado de retirá-lo sem que ele bata com as ancas nas paredes da cocheira.

Ao levar o cavalo para o encilhar, a primeira coisa que deve ser feita é a retirada do estrume e/ou da sujeira de serragem dos cascos. Os quatro cascos do cavalo têm que ser higienizados antes de encilhar. Depois da limpeza dos cascos, a gente deve, sim, dar uma boa escovada no cavalo. ‘Depois de higienizados todos os cascos, devemos rasquear o cavalo para para tirar o resto de pelo morto e também toda a sujeira que tem em cima do lombo do cavalo e em todas as partes do corpo dele — lembrando que existem modelos para as partes de lombo, garupa, dorso, que são menores. Nas partes da frente, o chanfro e as patas devemos usar uma escova para retirada da poeira.

Ah, mas ele tá limpinho, porque ele estava na cocheira’… mesmo ele estando na cocheira, muitas vezes, o cavalo deita, rola, então, o resto de serragem ou mesmo de terra pode ficar alojado por baixo do pelo. O ideal é dar uma boa rasqueada — e existem vários tipos de rasqueadeiras, como de alumínio, de silicone, borracha etc.

O próximo passo é usar uma escova mais grossa para retirada da sujeira e depois o que a gente chama de escova de brilho, que é para tirar aquela sujeirinha, que aquele pozinho mais fininho mesmo. Feita toda essa parte de higienização, aí sim, a gente pode quando começar a colocar o material.”

Manejo adequado: como deve ser a baia ideal?

Depois do treino, o que fazer?
“Acabei de montar. E, agora, o que faço com meu cavalo? É preciso resfriar o cavalo para uma baixar o batimento cardiorrespiratório dele e deixar suor dar uma evaporada. Somente depois, a gente leva o cavalo para a ducha. Mas como saber se devo dar ducha inteira ou meia ducha? A resposta é depende!

A ducha vai depender do tipo de trabalho que foi realizado no cavalo; se o cavalo suou muito ou pouco durante o treino; e também vai depender do clima da região onde você está. Então, não tem uma receita única. O ideal, tendo em vista as condições, é sempre preferir uma ducha inteira. Porém, estando em alguns lugares do nosso País, principalmente, no inverno, não têm como dar uma ducha inteira. Ainda assim, meia ducha é essencial, principalmente, na virilha, axila, atrás dos membros anteriores, na região de barrigueira que sua bastante e fazer a higienização das partes íntimas do cavalo.

Esta lavagem é importante para evitar assaduras. No caso da meia ducha, o recomendável para a parte onde a sela ficou é passar uma toalha bem úmida ou aqueles rolinhos de toalha de papel que são absorventes. Isso a gente usava bastante na Europa até depois da ducha quente — a gente retirava o excesso de água com o rodo e secava o cavalo com papel absorvente.

Além disso, lá ainda se colocava um cooler, que é uma capa especial que retira a umidade do corpo do cavalo, uma coisa bem interessante. Aqui, no Brasil, já tem algo parecido. Esse cooler vinha desde as orelhas do cavalo e era colocado da nuca do cavalo até o rabo. Nas regiões mais frias, serve para retirada da água e do excesso de umidade que tenha ficado no corpo do cavalo.”

Bem-estar, pós treino
“Para melhorar o bem-estar do cavalo após o treino, pode-se recompensá-lo, imediatamente, afrouxando a barrigueira e fazendo uma boa caminhada do cavalo por dentro da pista em passo livre para ele descansar. Depois, dê um banho bem dado, uma ducha benfeita, principalmente, nas regiões dos tendões do cavalo, nos membros anteriores e posteriores do cavalo e na região dos boletos. A ducha é importante até como uma forma de recirculação do sangue e também para evitar edemas, algum inchaço.

Esses são aspectos bastante importantes após o treino, além de um bom descanso e agrados, que podem ser uma cenoura ou um biscoito próprio para cavalo para estabelecer essa relação de toda vez que o cavalo fez algo certo, correto, ele ser recompensado.

Além disso, após o treino, outra sugestão seria soltar o cavalo no piquete. Isso é uma maneira também de ele relaxar. O ideal é que o piquete não tenha muita sujeira e nem muita pedra. Nesse caso, depois do trabalho, solta-se no piquete como uma forma de recompensa e dá a ducha depois.

Importante colocar na cocheira sempre depois de ele se secar. Esse aspecto do esperar secar é importante, principalmente, porque a gente sabe que cavalo molhado ou úmido dentro da cocheira, por mais higienizada que ela esteja, ela carrega ainda uma série de micro-organismos. Então, quando você coloca um cavalo molhado ou úmido dentro da cocheira, corre o risco de ele ter uma dermatite.“

Frequência dos banhos
“Devo dar banho todos os dias no cavalo? Bom, o ideal é dar banho sempre que o cavalo trabalha, porque, quando ele trabalha, ele sua, transpira, então, o banho é essencial dentro desse contexto. Mas isso pode ser diferente dependendo do cavalo, por exemplo, da idade dele ou se trabalhou ou não. Também tem de avaliar se é um cavalo de cocheira ou um cavalo que fica sempre solto em piquetes. Por exemplo, se choveu e ele está em piquete, se rolou na lama…Se rolou na lama, o ideal é dar um belo banho e deixar secar à sombra para depois levar pra cocheira ou soltar de novo no piquete.

Então, o banho todos os dias vai depender se o cavalo trabalha ou não, se é um cavalo de cocheira ou se fica no piquete, depende também da idade do cavalo. Enfim, são alguns aspectos que a gente tem que levar em conta.”

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