A história se repetiu: pelo segundo ciclo olímpico seguido, o Brasil conquistou a vaga para disputar os Jogos Olímpicos por equipe, mas não conseguiu entregar o certificado de capacidade para confirmar a cota do time, obtida com a medalha de prata nos últimos Jogos Pan-Americanos. Agora, o Brasil fica com uma vaga individual para Paris 2024.
No entanto, diferentemente da olimpíada passada, em Tóquio, desta vez, foram realizados nos País, apenas em 2023, cinco concursos internacionais três estrelas e um CDI 4*, mas os conjuntos competindo em territorio nacional não conseguiram alcançar os 67% de nota final e com juiz FEI L4/5* em dois CDIs 3* ou superior. Batemos na trave. Portugal e Finlândia entram nas vagas abertas pelo Brasil e pela vacância no Grupo F (África e Oriente Médio). Entenda o que ocorreu e quais são os próximos passos.
Certificado de capacidade do país
Todos os Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) que conquistaram uma vaga para disputar a olimpíada por times devem apresentar o certificado de capacidade do país. Trata-se de uma espécie de atestado de aptidão que comprova que o CON qualificado por equipe conta com atletas e cavalos com a experiência e a habilidade necessárias para participar no padrão exigido dos Jogos Olímpicos.
Para o certificado no adestramento, é exigido que a nação aponte que tem, pelo menos, três conjuntos diferentes (atletas e cavalos distintos) com os requisitos mínimos de elegibilidade (MER) obtidos durante o período que vai do Campeonato Mundial da FEI em Hering 2022 até 31 de dezembro de 2023.
Em outras palavras, o país precisa provar que três conjuntos diferentes pontuaram o mínimo de 67% em provas de grande prêmio, em, pelo menos dois, concursos internacionais três estrelas ou superior (CDI3/CDI4/CDI5/CDI-W/CDIO), tanto como nota final quanto com um juiz de nível quatro (FEI L4/5*) de nacionalidade diferente do atleta. As pontuações devem ser alcançadas em provas de grande prêmio julgadas por quatro ou mais juízes.
O porcentual antes era de 66%, mas subiu para 67%, após decisão tomada durante o FEI Sports Forum de 2022. Adestramento Brasil cobriu o fórum – leia aqui a matéria.
Como o Brasil fechou dezembro de 2023 contabilizando apenas dois atletas com os requisitos mínimos, ficará fora, mais uma vez, da competição por equipes. João Victor Marcari Oliva conseguiu MERs com dois cavalos — Escorial Campline e Feel Good VO — e Renderson Silva de Oliveira, com Fogoso Campline.
O conjunto reserva do Pan de Santiago, Victor Trielli Ávila, montando Corsário IGS, registrou um dos dois índices necessários, ao pontuar 67,022% de nota final e 67,717% com o juiz FEI L4/5* pela Dinamarca Leif Törnblad. Mas o feito foi no CDI 4* na Coudelaria Rocas do Vouga, em dezembro, e, portanto, não havia tempo hábil para buscar um segundo índice.
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E agora?
No adestramento, há 60 vagas para conjuntos, sendo 45 competindo por equipes e 15 no individual. Se um país recusar uma vaga de equipe ou não confirmar o certificado, recebe uma cota individual dentro do respectivo grupo olímpico da FEI. Por isso, o processo de realocação para vagas de cotas de equipe não utilizadas tem impacto direto nas nações que competem individualmente e listadas pela FEI previamente (leia matéria aqui), já que a cada grupo é atribuída uma quantidade de cotas.
O Brasil pertence ao bloco que reúne os grupos D (América do Norte) e E (Américas Central e do Sul) e que recebeu quatro cotas, até então, ocupadas por República Dominicana e Venezuela, pelo Ranking Olímpico, e Equador e Chile, pelas posições no último Pan. Um destes países ficará fora para dar lugar ao Brasil.
Agora, até 19 de fevereiro, os CONs/NFs serão informados pela FEI sobre suas vagas de cotas individuais alocadas e vagas de cotas para equipes compostas. Eles têm até 18 de março para confirmar as vagas alocadas para cotas de equipes individuais e compostas para a FEI. Daí, até 28 de março, devem nomear uma longa lista de atletas em potencial para Paris 2024 e o prazo final para inscrições esportivas em Paris 2024 com os CONs enviando as inscrições finais é 8 de julho.
Tóquio versus Paris
A cartilha de perder a vaga por equipe não é novidade para o Brasil, que passou por isso no ciclo para a Olimpíada de Tóquio 2020 (postergada para 2021, devido à pandemia). No entanto, há diferenças. À época do ciclo olímpico para o Japão, a Confederação Brasileira de Hipismo optou por levar a cabo apenas CDIs 2* durante o período de obtenção dos MERs para o certificado de capacidade e, portanto, não eram válidos para alcançar os índices. Com isso, os brasileiros radicados no País não tiveram sequer a oportunidade de buscar os MERs.
Isso levou alguns a embarcarem animais para Europa para disputar lá os CDIs, uma vez que o Brasil não teria nenhum concurso internacional no segundo semestre de 2019. Para tentar os MERs, eles competiram em CDIs em Lisboa, Le Mans, Oldenburg, Randbøl, Munique e Moscou. No entanto, o Brasil encerrou 2019 sem três conjuntos com dois índices cada e ficou fora da disputa por equipe nos Jogos de Tóquio.
Com isso, João Victor Marcari Oliva foi selecionado para competir individualmente e fez bonito com o puro sangue lusitano de 12 anos Escorial, ao romper a barreira dos 70% e somar o porcentual mais alto do Brasil em dressage em olimpíada.
Lição aprendida, desta vez, os brasileiros contaram com cinco CDIs 3* e um CDI 4* realizados no Estado de São Paulo apenas em 2023, além dos Jogos Pan-Americanos, que, após questionamento à FEI por este noticiário, voltaram a integrar a lista como evento válido para obtenção de um dos índices necessários para compor os requisitos mínimos de elegibilidade (MER, na sigla em inglês).
Contudo, até dezembro, no CDI 4* do Rocas do Vouga, nenhum conjunto disputando no País havia conseguido as notas de 67% (final e com juiz L4/5*) e, assim, não haviam conseguido MER.
Em julho de 2023, Adestramento Brasil alertou que o Brasil tinha somente dois atletas com MERs para certificado de capacidade para Paris 2024 e que precisava de mais um.
Para 2024, está prevista a realização de sete CDIs 3* e 1*, todos no Estado de São Paulo. Ainda não foi divulgada como se dará a seleção para o conjunto individual que embarcará para França.
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14 respostas para ‘Brasil, novamente, não confirma vaga por equipe e vai para Paris no individual’