As pontuações caíram? IDOC diz que talvez e chama a atenção para o bem-estar animal   

Hans-Christian Matthiesen, presidente do IDOC — International Dressage Officials Club, uma organização belga sem fins lucrativos criada em 1990 — publicou um artigo no site da entidade fazendo um balanço do papel dos juízes e da responsabilidade deles para prezar o bem-estar animal ao atribuírem notas. “Devemos avaliar melhor e priorizar o quadro geral e a harmonia. Sinais de estresse e desconforto (posição da cabeça e pescoço: pescoço curto e tenso, boca aberta, língua visível e sua cor, costas tensas, problemas de ritmo, passos irregulares etc.) devem receber mais peso na classificação. Sempre que você vir isso como juiz, você deve deduzir e fazer uma observação clara sobre isso”, escreveu. Adestramento Brasil reproduz abaixo a íntegra do artigo, já traduzido. Para ler o texto original, clique aqui.


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A FEI convidou todos os clubes interessados para uma reunião em Riade. Foi uma boa reunião onde tivemos a oportunidade de discutir algumas propostas de mudanças no adestramento. Uma discussão geral sobre os rumos do esporte e uma boa oportunidade para sentarmos juntos e equilibrar as expectativas. Além da FEI e dos representantes dos clubes interessados (o IDOC foi representado por dois juízes e um comissário), estavam representantes dos atletas, membros do conselho, membros do comitê veterinário, o presidente da FEI e o diretor de adestramento da FEI.

Em Hagen, o IDRC convocou uma reunião com alguns cavaleiros e juízes. Novamente, foi uma boa oportunidade para conversar e discutir. A reunião foi frutífera e todos concordamos que gostaríamos de organizar estas reuniões com mais regularidade. A ideia é ficarmos mais unidos no esporte. Mesmo que, por vezes, tenhamos opiniões ligeiramente diferentes, as discussões são importantes.

O formato das reuniões pode mudar, mas o mais importante é manter o dinamismo e a discussão.

Este fim de semana, no CDIO de Compiègne, também tivemos uma reunião com representantes da FEI, com o comitê de adestramento, cavaleiros, treinadores, chefes de equipe, organizadores e juízes (incluindo o júri de campo de Paris). Discussões boas e honestas sobre julgamento e outros pontos relacionados.

Acho que posso falar por muitos juízes, quando digo que o momento atual é um “um pouco difícil”. Atualmente, o nosso esporte está sob muito escrutínio e, infelizmente, por algumas razões negativas, como é o caso em relação ao bem-estar animal.

O bem-estar está no centro do nosso esporte e, como juízes, porque temos os “melhores lugares da arena”, temos responsabilidades que acompanham o nosso trabalho.

Quando somos confrontados com questões que podem ser preocupantes, precisamos ser vistos para reagir.

Precisamos ser melhores e defender o cavalo. Precisamos olhar para o futuro e começar a abraçar as mudanças. A percepção de que ignoramos sintomas de estresse e tensão negativa no adestramento é predominante, tanto dentro do esporte como entre outros na periferia. O que deve pesar mais? Uma montaria tecnicamente correta ou expressiva, talvez impressionante, que assume riscos?

Todos os oficiais são responsáveis pelo bem-estar do cavalo. Alguns diriam mesmo que nós — como oficiais — desempenhamos um papel importante e temos a “chave” para a mudança!

Isto não deve ser visto como uma desculpa, porque só há um caminho a seguir, mas, durante muitos anos, no adestramento tem havido demasiado foco no consenso no julgamento de adestramento, tendo sido considerado um “julgamento errado”, se havia muita diferença ou muita variação nos resultados.

Talvez tenha chegado a hora de mudar essa percepção. Talvez devêssemos apelar a mais “franqueza” nas avaliações, especialmente, quando se trata da avaliação de sintomas de estresse e tensão negativa no adestramento.

Observações como “pescoço curto”, “costas tensas”, “tensão”, “boca aberta/língua visível” (“short neck”, “tight in the back”, “tension”, “open mouth/visible tongue”) não são incomuns no adestramento. Como juiz, é claro que você deve avaliar se é algo momentâneo ou se é uma tendência ao longo da prova. Você tem que olhar para o quadro geral e, se ele for desagradável, devido à tensão e à resistência, então, deve haver uma direção clara na sua avaliação. Não podemos mais usar a nossa “posição” [na pista] como desculpa, nem que a conformação do cavalo não seja a ideal e talvez o faça parecer parcialmente “errado” e, portanto, não contribua para um melhor quadro geral.

Devemos avaliar melhor e priorizar o quadro geral e a harmonia. Sinais de estresse e desconforto (posição da cabeça e pescoço: pescoço curto e tenso, boca aberta, língua visível e sua cor, costas tensas, problemas de ritmo, passos irregulares etc.) devem receber mais peso na classificação. Sempre que você vir isso como juiz, você deve deduzir e fazer uma observação clara sobre isso.

Então, sim, talvez as pontuações sejam mais baixas agora. Por um bom motivo. Mantenha o foco… e o bom trabalho.

O IDOC irá mantê-lo atualizado sobre os resultados das reuniões. Um bom diálogo é o caminho a seguir.

Atenciosamente,
Hans Christian Matthiesen

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