Composto por sete figuras importantes no adestramento internacional, a Federação Equestre Internacional (FEI) anunciou formalmente a criação do grupo de trabalho que vai desenvolver plano de ação estratégica para a modalidade, com objetivo de endereçar os desafios e as oportunidades que o esporte enfrenta hoje. O GT foi aprovado na Assembleia Geral da entidade, em novembro, com intuito de revisar a disciplina de forma abrangente em vista da revisão completa das regras de adestramento da FEI.

A criação do GT vem na esteira dos recentes escândalos envolvendo a modalidade, como a suspensão pela FEI da medalhista olímpica Charlotte Dujardin por abuso animal; a suspensão temporária (ainda em vigor e sem sentença final) do também olímpico Cesar Parra; o documentário Operação X, que mostrou métodos cruéis de treinamento e tratamento de cavalos na sede da Helgstrand Dressage, entre outros

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O grupo de trabalho que será presidido por George Williams, dos Estados Unidos, ex-presidente da Federação de Adestramento dos Estados Unidos (USDF), treinador juvenil dos EUA e consultor de alto desempenho e desenvolvimento. E também incluirá os seguintes membros, que são figuras-chave da comunidade de adestramento:

• Monica Theodorescu (Alemanha), campeã olímpica, mundial e europeia, teve uma carreira notável dentro e fora da arena. Ela fez parte de equipes vencedoras de medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos e nos Jogos Equestres Mundiais da FEI, conquistou a vitória nas finais da Copa do Mundo de Adestramento da FEI de 1993 e 1994 e garantiu o título do Campeonato Europeu em 1993. Ela também fez história como a primeira mulher nomeada treinadora nacional alemã de adestramento.
• Raphael Saleh (França), presidente do júri de campo de adestramento para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e juiz internacional FEI nível 4 (antigo 5*).
• Gareth Hughes (Grã-Bretanha), renomado cavaleiro britânico de adestramento com mais de 60 títulos nacionais e internacionais em seu nome.
• Kyra Kyrklund (Finlândia), seis vezes olímpica e ex-campeã da Copa do Mundo de Adestramento da FEI, é ex-presidente e agora vice-presidente do International Dressage Riders Club (IDRC). Ela também atuou como treinadora nacional para a Finlândia, Suécia e Portugal.
• Klaus Roeser (Alemanha), presidente do comitê de adestramento da Federação Nacional Alemã, membro do conselho (representante de atletas) da Federação Equestre Europeia (EEF) e secretário-geral do IDRC.
• Lise Berg (Dinamarca),PhD e doutora em medicina veterinária, professora-associada do departamento de ciências clínicas veterinárias da Universidade de Copenhague.

Em nota, o diretor de adestramento da FEI, Ronan Murphy, ressaltou que o “adestramento deve ser construído em treinamento equilibrado e ético, resultando em liberdade de movimento, facilidade nas transições e harmonia entre cavalo e cavaleiro, sem espaço para tensão ou resistência”. Também enfatizou que o foco da entidade é incorporar esses princípios no Livro de Regras da FEI e garantir que sejam aplicados consistentemente no treinamento e na competição, sempre colocando o bem-estar do cavalo em primeiro lugar.

Ronan Murphy frisou que a tarefa do grupo de trabalho é transformar esses ideais em práticas cotidianas, priorizando o bem-estar dos cavalos à medida que se avança com propostas futuras e mudanças de formato.

“O Grupo de Trabalho foi cuidadosamente selecionado não apenas por sua expertise, mas também por seu profundo entendimento do adestramento. Este grupo diverso representa uma amostra representativa da comunidade, garantindo uma ampla gama de perspectivas. Seu conhecimento e visão coletivos serão fundamentais para moldar um plano estratégico que não apenas aborde os desafios atuais do esporte, mas também garanta o bem-estar de nossos cavalos, incorpore o feedback das partes interessadas e posicione o adestramento para o sucesso a longo prazo”, seguiu o diretor da FEI.

Uma das primeiras tarefas do grupo de trabalho será realizar uma revisão abrangente do estado atual do adestramento. O GT também avaliará o feedback das partes interessadas fornecido com antecedência e durante uma reunião das partes interessadas em 1º de outubro de 2024 e categorizará as sugestões em áreas de foco bem definidas para ação direcionada. O ponto central será priorizar a ética e o bem-estar equino, com o Plano de Ação de Ética e Bem-Estar Equino servindo como uma estrutura orientadora para iniciativas importantes.

Além disso, o grupo trabalhará na criação de um repositório de pesquisas científicas relevantes, consultando especialistas veterinários para criar um recurso de informação acessível para as partes interessadas. Para aumentar ainda mais a integridade do esporte, o grupo de trabalho proporá futuras revisões de regras, com atenção imediata em atualizações parciais para 2025 e a revisão completa das regras de adestramento de 2026.

O grupo de trabalho se reportará regularmente ao comitê técnico de adestramento, ao conselho da FEI e aos grupos de partes interessadas relevantes para garantir transparência e colaboração durante todo o processo. O grupo de trabalho fará sua primeira apresentação no Fórum de Esportes da FEI em 31 de março.