A dor muscular é comum quando o cavalo está desenvolvendo a musculatura, assim, cabe a quem está montando ou treinando o animal saber dosar a intensidade dos treinos. Um dos grandes componentes da dor muscular é o cavalo na cocheira.
“Quando o cavalo trabalha, assim como a gente, ele vai acumular algumas substâncias que podem ser tóxicas para a musculatura, como o ácido láctico. Alivia se o cavalo tiver a possibilidade de, depois do trabalho, caminhar. A maioria dos cavalos trabalha e vai para baia, não tendo o movimento natural, que é andar, para liberar as toxinas”, ressalta a veterinária Luciana Azevedo Matias Silvano.
Entre as recomendações para cavalos em cocheiras, ela assinala:
- após dias de trabalho intenso, considerar um período final do treinamento, os últimos 15 a 20 minutos, para caminhar ao passo e, de preferência, fazendo exercícios lentos e de alongamento;
- caminhar o cavalo no cabresto por 15 a 20 minutos duas horas após o treinamento puxado. Isso pode ser repetido várias vezes ao dia, de acordo com a intensidade do treino;
- colocar o feno em diferentes cantos da cocheira para possibilitar um pouco mais de movimentação durante a alimentação e, de preferencia, no chão;
- usar cocheiras amplas e proporcional ao tamanho do cavalo;
- sempre que possível estabelecer um esquema de piquetes em que os animais possam ser soltos de duas a quatro horas por dia, principalmente após o exercício;
- permitir que o cavalo tenha um tempo de liberdade após o trabalho, por exemplo, soltando por 20 minutos após o término do treino na própria pista de trabalho.
“É importante lembrar que nada substitui a vida livre em piquetes e que o ideal seria que os cavalos fossem colocados em baias somente no momento da alimentação e para passar a noite”, diz.
Sela
A sela é a maior responsável por dores na coluna dos cavalos atletas, explica Luciana Silvano. Ela lembra que, atualmente, profissionais e seleiros especializados para fazer com que a sela sirva adequadamente nos diferentes formatos de coluna de cada animal.
“Uma sela inadequada vai machucar mesmo que se coloquem pads de gel, bacheiros ou outros recursos entre ela e o dorso do cavalo”, afirma. Outro ponto importante é a postura e o nível de equitação do cavaleiro.
Perceber a lesão muscular antes que ela se torne um problema maior requer conhecimento acerca do animal. Observe o comportamento do cavalo, por exemplo, se ele fica bravo ou irritado ao ser selado, que pode ser um indício de desconforto e dor. “Não existe cavalo com cócegas. Se ele se abaixa ou foge da escovação é um sinal de dor muscular”, diz.
Ter o habito de escovar e apalpar a musculatura diariamente do cavalo pode ajudar a perceber dores e desconfortos em sua fase inicial.
No planejamento do treinamento, atleta e treinados precisam ajustar os exercícios conforme a sensibilidade individual de cada animal. Muitas vezes, isto significa diminuir a intensidade do treino ao perceber que o animal apresenta algum desconforto montado ou do chão. “Assim, evita-se o aparecimento de lesões agudas e que irão necessitar de repouso absoluto.”
Outra recomendação para evitar lesões é evitar montar um cavalo antes de ele ser aquecido. É importante, aponta Silvano, permitir um tempo de caminhada ou rodar na guia antes de montar e iniciar o trabalho de animais em cocheiras.
Parece uma regra óbvia, mas é preciso lembrar que, caso o cavalo esteja sob uso de analgésicos e anti-inflamatórios, nunca se deve trabalhar ou exigir demais dele. “A dor também é um alerta de prevenção para que estruturas como tendões, ligamentos e articulações não sejam lesionadas de forma irreversível”, explica.
Falando sobre as provas, a veterinária ressalta que sempre o maior esforço do animal deve ser guardado para competições e que o esforço máximo de treino deve ser realizado apenas duas semanas antes das provas. É preciso também permitir descanso e/ou treino bem leve de 24 a 72 horas após treinos rigorosos e, no mínimo 48 horas após competições. “Quanto maior o esforço, maior o tempo de treinamento e mais leve até a próxima competição e/ou treino exigente, sendo, no mínimo um intervalo de sete a 14 dias”, finaliza.
Luciana Silvano ministrou palestra no interior de São Paulo. Confira uma parte no vídeo:
Foto: divulgação/arquivo pessoal
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