Exercícios de adestramento que todos os conjuntos de salto deveriam fazer

O adestramento é a base para todas as modalidades equestres. No trabalho de plano para o salto, há exercícios básicos de dressage que os conjuntos podem fazer para melhorar o desempenho nos percursos de obstáculos. Clara Machado, amazona profissional de adestramento, FEI Coach Level 2 e fundadora do Dressage Team RS, dá três dicas para ajudar os atletas a preparar o trabalho de plano de suas montarias e a aperfeiçoar o treino.


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Confira a seguir as contribuições da cavaleira profissional:

Contragalope
Um cavalo fica equilibrado quando consegue desempenhar para os dois lados os movimentos que lhes são solicitados, sem perder o ritmo e a impulsão. O resultado disso são abordagens muito melhores aos obstáculos, principalmente, depois de curvas. Um dos melhores exercícios, no meu ponto de vista, para gerar mais equilíbrio ao cavalo é o contragalope.

Para surtir melhores resultados, sugiro trabalhar o cavalo em um picadeiro de adestramento (20 m x 60 m) para executar o exercício de forma mais contida e concentrada; e serem executados no período de aquecimento do cavalo. Eu gosto muito de mesclar exercícios de contragalope com semicírculos e mudanças de direção com alongamento do galope (no pé justo).

Um exercício muito bom é, partindo ao galope no pé direito, fazer um semicírculo de dez metros adentrando na linha do meio, voltando a galopar à esquerda (já em contragalope) e manter o contragalope por alguns metros (mais ou menos dez metros) para, logo em seguida, executar outro semicírculo, agora de 20 metros, e mudar de direção por meio de uma linha diagonal ao picadeiro alongando o galope (que aí estará no pé justo). Ao retornar à mão direita do picadeiro, executar o exercício inteiro para o outro lado.

Cavalos de salto, muitas vezes, tendem a trocar o pé quando entram em contragalope (por não estarem acostumados com o exercício e também para ficar mais confortável). Por isso, é importante suavizar ao máximo a curva no semicírculo de 20 metros nas primeiras vezes. Com este exercício consegue-se aumentar o equilíbrio do cavalo e também a capacidade de alongar e encurtar a andadura.

Cessão à perna
Aumentar o engajamento dos posteriores é fundamental para o desempenho no salto. A maior parte da energia necessária para saltar um obstáculo é produzida pelas patas traseiras. Esta energia é produzida pela compressão dos pés do cavalo, que flexionam a garupa e liberam energia como se fosse uma mola.

Um bom exercício, que gosto muito de praticar, para gerar essa energia e engajamento dos posteriores, bem como a liberação das espáduas do cavalo é a cessão à perna durante o aquecimento diário do cavalo. A cessão à perna é um exercício sem encurvatura, então, é muito importante observar que o cavalo deve avançar para frente deslocando-se para os lados (direito ou esquerdo, cedendo à perna do cavaleiro) de forma reta, mantendo o ritmo e com uma leve flexão de pescoço para o lado contrário ao que se desloca, sem fazer, contudo, “pescoço à dentro”, pois o que se deseja é o cruzamento dos pés.

Um exercício que eu gosto muito de executar é, ao trote de trabalho (pode ser elevado ou sentado), adentrar pela linha do meio (de uma arena de adestramento ou uma linha imaginária em um lado da pista de salto) após dois ou três metros avançando em linha reta inicia-se a cessão à perna à esquerda. A seguir realiza-se um círculo de 20 metros, também ao trote de trabalho e depois se muda de direção por meio de uma linha diagonal pedindo o alongamento do trote.

Ao chegar ao canto do picadeiro, reúne-se o trote (voltando ao trote de trabalho) e entra-se novamente pela linha do meio para executar todo exercício para o outro lado. Com este exercício se estimula o engajamento dos posteriores, aumenta a liberação das espáduas proporcionando uma maior qualidade do chamado “efeito mola”.

Um detalhe muito importante e que deve ser levado em conta todos os dias é, que tal como nós, humanos, os cavalos quando saem das cocheiras precisam fazer o aquecimento antes de qualquer exercício específico, sendo indispensável o caminhar ao passo por pelo menos cinco minutos e iniciar os exercícios também ao passo. Aquecer o cavalo usando o recurso da cessão à perna pode ser uma boa dica para a distensão antes de provas, onde o espaço muitas vezes é limitado e o tempo também.

Transições
Um cavalo é elástico quando consegue alongar e encurtar a andadura sem perder o equilíbrio, ritmo e a impulsão, resultando em uma trajetória limpa e adaptada às dificuldades apresentadas nos percursos de salto. Um dos melhores exercícios, no meu ponto de vista, para a construção de um cavalo elástico é o exercício de transições dentro e fora das andaduras (transições para baixo e para cima).

Os exercícios de transição devem ser executados durante o aquecimento do cavalo. Inicia-se o trabalho (após um breve aquecimento ao passo) em um círculo de 20 metros de diâmetro ao trote de trabalho (de preferência elevado — sempre se inicia o trabalho com trote elevado para não sobrecarregar a coluna do cavalo) e de tempos em tempos se faz uma transição para o passo (transição barra baixo, fora da andadura) e após dois a três trancos de passo, retoma-se o trote (transição para cima); depois de realizadas umas dez transições, mude de direção por meio de uma diagonal, alongando o trote (transição dentro da andadura), voltando ao círculo de 20 metros para o outro lado e repetindo-se o exercício.

Posteriormente, se inicia, também em círculo de 20 metros, o galope de trabalho com repetidas transições para o trote (transição de cima para baixo, fora da andadura) e após dois ou três trancos de trote, retoma-se o galope (transição para cima); depois de umas dez transições, saia do círculo e alongue o galope (transição dentro da andadura) no lado maior do picadeiro, pegando a seguir uma diagonal para trocar de direção efetuando no centro do picadeiro (em X) uma transição para o trote (transição para baixo, fora da andadura) e, após dois a três trancos de trote, retomar o galope e adentrar em um círculo de 20 metros para realizar o exercício na outra mão.

Com este exercício consegue-se aumentar a elasticidade do cavalo e melhorar a performance nos percursos de salto. Dica: aquecer o cavalo na distensão para uma prova com estes exercícios, além de representar ganho de tempo promovem o engajamento e o tão desejado “efeito mola”.

A seção Pergunte ao expert tem como objetivo responder a dúvidas enviadas pelos leitores. A cada questão selecionamos um atleta profissional para respondê-la. Tem alguma pergunta? Envie para contato@adestramentobrasil.com

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