“O hipismo brasileiro não cuida do patrocinador como deveria; ele deveria ser mais valorizado e nós deveríamos aprender a lidar com patrocinador. Quando conseguimos trazer alguma empresa para ajudar o nosso esporte, a patrocinar alguma prova, infelizmente nós não damos retorno a ele e ele não volta. O que nós tivemos, durante toda a história do hipismo brasileiro, foram grandes doadores — e não patrocinadores. As pessoas amantes e envolvidas com o esporte faziam, através de suas empresas, doações e muitas vezes com interesses em vagas em equipe, em ter alguma cadeia ou benefício; e eu acho que isto não é bom”, afirmou Nilson Leite, representante do Haras Rosa Mystica, em entrevista ao vivo transmitida no canal de Youtube de Adestramento Brasil.
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Durante o bate-papo de quase uma hora, Leite respondeu a diversas perguntas enviadas pelos internautas. Ele defendeu a necessidade da profissionalização do hipismo até para atrair mais patrocinadores, fornecendo a eles dados e métricas mostrando os resultados das ações; falou sobre o fomento ao esporte e a atuação e o papel das entidades, como Associação Brasileira de Criadores do Cavalo de Hipismo (ABCCH), Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e Federação Paulista de Hipismo (FPH).
Acerca das próximas eleições para CBH, FPH e ABCCH, Leite chamou a atenção para a necessidade de não se recomeçar tudo quando há troca de gestão, mas pegar o que foi bom e positivo e trabalhar a partir dali. “O sentimento que eu tenho é que cada vez que muda uma diretoria em qualquer lugar a gente tem um retrocesso e recomeço”, disse. “Tem de aproveitar o legado e seguir ele adiante.”
Levar as provas para outras localidades, saindo de polos como São Paulo e Rio de Janeiro, é também essencial, segundo ele. O criador comentou ainda a atuação do recém-criado IBEqui e sobre os entraves para a exportação de animais, como a piroplasmose e mormo.
Falando sobre a criação de cavalos para o adestramento, Leite afirmou achar que ela ainda está em fase embrionária e é pequena, produzindo poucos animais por ano, mas sinalizou que começam a surgir animais importantes. “Acredito que a criação e o nível dos cavaleiros brasileiros no adestramento estão diretamente ligados. Se evoluirmos a nossa criação, isto vai obrigar que os cavaleiros também façam algum tipo de treinamento, estudos, reciclagem técnica para poder melhorar a montaria para cavalos warmbloods”, ressaltou.
O exemplo do salto — e o Haras Rosa Mystica teve cavalos de sua criação disputando os Jogos Pan-Americanos de Lima, mas não pelo Brasil — foi usado por Leite para exemplificar como o processo poderia se dar. “Há 30 anos, pouco mais, começamos a desenvolver o cavalo de salto no Brasil, o brasileiro de hipismo voltado para o salto, importando éguas de elevada carga genética e potencial esportivo; começamos a importar sêmen dos melhores garanhões do mundo e hoje temos uma criação que, a meu ver, compete de igual para igual com a criação dos melhores do mundo. No adestramento não é diferente. Chegamos a importar algumas éguas com genética apurada, grandes esportistas, mas ainda é muito pouco o número de cavalos criados de adestramento no Brasil”, apontou.
Assista à entrevista completa: