Como alongar as passadas do trote e galope?

Quem nunca teve dificuldade em executar o exercício de alongar as passadas, seja porque o cavalo começou a galopar quando deveria estar trotando, seja porque simplesmente correu? Na série preliminar, por exemplo, é pedida uma mudança de mão alongando as passadas do trote. Neste caso, a reprise coloca como diretriz um alongamento moderado da moldura, com regularidade na qualidade, retidão, ritmo, transição e encurvatura. Neste ‘Pergunte ao Expert’ (leia todos), o cavaleiro profissional Vinícius Miranda responde justamente à questão sobre como alongar as passadas do trote e do galope.


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Confira as dicas do cavaleiro:

“Acredito que, antes de falarmos em como alongar as passadas do trote e do galope, precisamos entender realmente o que isso quer dizer e o que o juiz espera ver. No alongamento das passadas buscamos que o cavalo cubra o máximo de terreno possível em sua passada, de modo que a frequência das passadas permaneça a mesma. Isso ocorre transferindo o peso para os posteriores e, assim, mostrando uma tendência uphill e alongando o corpo por um todo, tanto os membros posteriores quanto os anteriores, de forma simétrica. Sem se esquecer do alongamento da moldura do cavalo, ou seja, do pescoço e coluna.

Para que isso tudo aconteça da forma correta e da forma como o juiz espera ver, um cavalo, primeiramente, tem de apresentar um bom ritmo e equilibrado, elasticidade em seu dorso, luz no contato e para mim o mais importante é ter a impulsão vindo dos posteriores.

Uma breve explicação: luz no contato ou luz na moldura é um cavalo com pescoço aberto, buscando o contato lá frente. É um termo bem usado pelos portugueses e no inglês também.

Agora, a parte mais difícil, como alcançar isso tudo…

No meu ponto de vista, vejo estes exercícios de alongar as passadas nas séries de base como sendo a introdução dos exercícios de trote e galope alongados das repises avançadas, mas sem a necessidade de expressão do movimento procurada nas séries seguintes.

Assim, procuro trabalhar da mesma forma os meus cavalos que estão iniciando nas provas e os meus alunos que estão começando as séries mais baixas como trabalho a base e o melhoramento do trote e galope alongado dos meus cavalos das categorias mais avançadas.

No início, busco que o conjunto tenha um bom ritmo, que o cavalo esteja à frente da perna, ou seja, esteja atento às ajudas do cavaleiro e pense para frente. Nessa etapa, calibramos a quantidade de pressão na perna para aquele determinado cavalo, achando o equilíbrio de contato que teremos na mão e começamos a criar a impulsão. E ai vem o que para mim é uma das coisas mais importantes na equitação de um modo geral: que é tanto cavalo como cavaleiro entenderem a famosa meia-parada.

As meias-paradas têm como objetivo principal controlar o ritmo e ajudar que o cavalo transfira o peso para os posteriores, que ele “sente”, como, muitas vezes, ouvimos nas aulas de adestramento.

Para que alcancemos uma boa meia-parada, precisamos fazer nosso corpo trabalhar em conjunto e não somente utilizar a mão. Precisamos usar nosso assento, transferindo nosso peso levemente para trás, fechando a parte superior de nossas pernas e utilizando a pressão e o alívio do contato através das nossas mãos. Assim, teremos o controle do ritmo, evitando que o cavalo corra ou perca o equilíbrio e caia no galope, no caso de alongar as passadas no trote.

Neste primeiro momento, gosto de trabalhar em círculos grandes, de preferência de 20 metros. Deste modo, o cavalo tem a ilusão de uma “linha continua”, como quando é domado no redondel. Desta forma, conseguimos trabalhar sem as interrupções dos cantos da pista.

Normalmente, estes exercícios de alongamento de passadas aparecem nas reprises nas linhas das diagonais, em diagonais mais curtas ou diagonais inteiras. Desde os primeiros trabalhos que faço com meus cavalos jovens, gosto de sempre incentivá-los a avançar quando pego as diagonais da pista; e faço isso vários vezes durante o trabalho para que eles já comecem a ter uma vontade própria de avançar e aumentar a impulsão quando tomamos a linha da diagonal.

Quando sinto que o entendimento no trabalho de círculo é satisfatório, começo este trabalho nas linhas retas, nas paredes ou na diagonal. Procuro primeiro começar com pequenas distâncias, divido as paredes de 60 metros em duas partes e procuro avançar, reunir e avançar novamente. Assim me certifico de que meu cavalo está atento ao meu assento para reunir e às pernas para avançar. E, desta maneira, fica mais fácil para os cavalos novos manterem a qualidade do andamento, pois, normalmente, não possuem força e equilibro para se manterem o tempo todo em uma linha muito longa, se tornando muito exaustivo para eles.

Assim, conseguimos cavalos equilibrados, com desejo de avançar e bom controle do ritmo. E evitaremos problemas como não conseguir retornar depois de avançar, encapotar e perder o andamento.”

A seção Pergunte ao expert tem como objetivo responder a dúvidas enviadas pelos leitores. A cada questão selecionamos um atleta profissional para respondê-la. Tem alguma pergunta? Envie para contato@adestramentobrasil.com 

Foto: arquivo pessoal | crédito: ZZN Peres

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