Por Ingrid Borghoff Troyko*
Não é apenas com os olhos e ouvidos que nos comunicamos com o cavalo e, sim, com o assento, pernas e mãos. Os cavaleiros devem sentir cada movimento do corpo do cavalo e suas peculiaridades, como flexibilidade, tensão, arredondamento, ritmo etc.
As pernas do cavaleiro devem ter sensibilidade tal que possam sentir o cavalo respirando; e nas mãos do cavaleiro deve haver um contato tal como se estivesse se comunicando com a boca do cavalo por dois fios de seda! O cavaleiro “ouve” o cavalo através de seu corpo.
Visualização mental: mesmo desmontado, o cavaleiro, fechando os olhos, pode ver na sua mente o movimento do seu cavalo, quando algo está incorreto e como ele faria para corrigir.
Um bom treino para a pessoa que vai competir numa prova é colocar-se confortável, fechar os olhos e passar a reprise na sua mente como se estivesse montando. Passar cada figura, cada correção, se for necessária, e cada exercício na sua melhor apresentação, sempre otimizando o desempenho, criando imagens positivas e permitindo que seu corpo sinta a conexão com o corpo do cavalo. A mente do cavaleiro e do cavalo numa só sintonia.
Para conseguir tal sensação, a mente do cavaleiro deve estar totalmente focada: tensões, problemas anteriores, distrações e falta de concentração impedem a comunicação dos corpos e mentes desejada.
Imagine o passo do cavalo marcando bem os quatro tempos com elegância, gracioso e relaxado como um gato. Ao trote, imagine uma musica tocando com o ritmo cadenciado de dois tempos, leve como uma pluma, com passadas longas e regulares, como se estivesse trotando sobre as nuvens, parecendo que seus membros não tocam o chão. O galope é redondo, ondulante, cadenciado e natural, como se os dois executassem um ballet.
Todos os movimentos são feitos com delicadeza, fluindo naturalmente em equilíbrio perfeito. O cavalo se autossustenta e as ajudas do cavaleiro são imperceptíveis.
Às vezes, o cavaleiro, querendo dar o melhor de si, se tensiona mentalmente e fisicamente, não sabendo qual a hora exata e com que intensidade atuar com as ajudas e qual o momento de descontração, sem que se perca a conexão correta.
* Em 1975, Ingrid Troyko conquistou medalha de bronze por equipes nos Jogos Pan-Americanos do México; em 1972, foi vice- campeã do Torneio Internacional de Aachen na prova do grande prêmio; e, em 1979, obteve o terceiro lugar por equipes nos Jogos Internacionais de Puerto Rico. A amazona e instrutora de equitação foi também cinco vezes campeã brasileira e obteve várias colocações em competições internacionais na Alemanha, além de ter atuado como juíza internacional de adestramento da Federação Equestre Internacional.
Adestramento Brasil está publicando periodicamente capítulos do livro “Manual de Equitação Fundamental”, de Ingrid Troyko. Acompanhe aqui.
Assim como outros sites jornalísticos, Adestramento Brasil não fechou o conteúdo para assinantes, mas coloca à disposição dos leitores a possibilidade de apoiar a produção editorial.