ATUALIZADA* — A eliminação no Campeonato Europeu da amazona medalha de ouro individual tanto nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 como no Rio em 2016, Charlotte Dujardin, colocou em evidência as regras sobre presença de sangue. Após alcançar porcentual final de 81,91%, o conjunto foi desclassificado ao ser verificado sangue no flanco da égua hanoveriana de dez anos Mount St. John Freestyle. A comissária FEI Sonia Hanssen, que já trabalhou em Jogos Olímpicos e Jogos Mundiais, respondeu a algumas questões enviadas por Adestramento Brasil para ajudar o esclarecimento do assunto.
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Adestramento Brasil: A presença de sangue leva a eliminação do conjunto em quais casos?
Sonia Hanssen: Conforme o regulamento FEI “Manual for Dressage Stewards Edition 2009 – update effective February 2019 (Annex IX Tack-Control during FEI –events)”, os casos sujeitos à eliminação são sangue nas esporas ou no flanco, sangue no bridão ou na boca; machucados nos membros, boletos e cascos; e nariz sangrando.
Na inspeção pós-prova, o que é observado pelo/a comissário/a?
O comissário controla se o equipamento e o uniforme estão conforme o regulamento em vigor. Também olha se há ferimentos no cavalo e se a focinheira e barbela não são apertadas demais. O material a ser examinado é sela; pelego; manta (também verificando os tamanhos dos logos); espora; rédeas; bridão ou freio e bridão; barbela; cabeçada; aberto das focinheiras ou barbelas; tamanho do chicote (quando permitido); protetores de orelhas; e o uniforme completo.
No caso da identificação da presença de sangue, como é o procedimento? Comissário avisa presidente do júri? Quem faz a eliminação?
Se houver uma ferida, deve-se encostar a luva ou um guardanapo limpo para transferir o sangue. Depois, deve-se coloca-lo em um saquinho plástico junto com a luva e o ferimento deve ser fotografado. Não importa a quantidade de sangue. Se sangrou, precisa protocolar. O sangue seco não sai na luva o guardanapo.
Quando é identificado sangue, precisa ser devidamente protocolado e fotografado. O mesmo vale para detecção de material indevido. Nos dois casos, o presidente do júri deve ser informado imediatamente, pois é ele quem elimina o conjunto.
As regras para as provas nacionais são as mesmas?
Não. No Brasil, vale o regulamento da Confederação Brasileira de Hipismo. Segundo o documento, se o juiz em C suspeitar que o cavalo está com sangue fresco (sangrando), durante sua reprise, ele deve imediatamente parar a prova para verificar se o cavalo está sangrando. Se o cavalo estiver com sangue fresco, o conjunto será eliminado e não há apelação para essa eliminação. Se o juiz examinar o cavalo e verificar que não há sangue fresco, o conjunto pode continuar sua reprise.
Um cavalo que seja eliminado na situação acima ou se se machucar durante a prova e começa a sangrar após sair da pista deve ser examinado por um veterinário autorizado do evento antes da próxima competição. Esse veterinário determinará se o cavalo pode continuar na competição. A decisão do veterinário não está sujeita a apelação.
Se o steward encontrar sangue fresco no cavalo, seja na boca ou na área das esporas, durante o exame de arreamento, ele deve informar o juiz em C, que eliminará o conjunto. Se for descoberto sangue em qualquer outro local do cavalo, um veterinário credenciado pela CBH será chamado para avaliação do animal e decidirá se o mesmo poderá continuar a competir no evento.
* A matéria foi atualizada em 7/09 para inserção das regras nacionais, conforme regulamento de 2019 da CBH.
Foto: Facebook Eurodressage