ICSI, um novo tratamento de fertilização in vitro, está facilitando a comprovação das éguas. Isto porque aumenta a quantidade de vezes que uma égua pode ser usada, contribuindo para a formação de estatísticas. “As éguas produziam menos e era mais difícil provar que era um animal superior. Hoje, não, porque você tem transferência de embrião, tem ICSI. As éguas têm o DNA mitocondrial que só vem na linha materna e isto é algo passado só de mãe para filho. Geralmente, as éguas entram com 55% e os garanhão com 45%. Então, as éguas são mais importantes, só que era complicado você comprovar uma égua”, explicou Adriana Busato, médica veterinária e criadora de cavalos desportivos, durante entrevista ao vivo transmitida pelo canal do YouTube de Adestramento Brasil.
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ICSI é a sigla para injeção intracitoplasmática de espermatozoides, técnica de reprodução assistida realizada por meio do tratamento de fertilização in vitro (FIV). Consiste em introduzir um único espermatozoide previamente selecionado dentro do óvulo e, dessa forma, realizar a fecundação. Esse tipo de tratamento também acaba “economizando” sêmen da palheta dos garanhões. “Isso fez com que já existam na Europa leilões de embriões ou de ócitos de éguas importantes”, contou Busato, após explicar que o método permite que embriões sejam congelados para usos futuros e comercialização.
Com isso, as éguas passaram a contabilizar mais as estatísticas, que levam em conta as características de seus potros. Busato explicou que as estatísticas vão se formando a partir da análise dos filhos, para entender que tipos de potros podem nascer, com quais características. “Se você pegar um garanhão que esteja cobrindo há uns dez anos você tem estatísticas bastante fidedignas da produção”, afirmou. No Brasil, segundo ela, ainda não há dados suficientes para estatísticas. A partir de 40 progênies é possível começar a contabilizar, apontou.
No caso das éguas, antes dos novos métodos, não havia número de potros suficiente para fomentar uma base de dados representativa. Um cenário que muda a partir da ICSI. “Hoje em dia, vamos para Europa buscar linha materna, éguas importantes”, afirmou.
No Brasil, disse a especialista, se começou a fazer ICSI em cavalos de hipismo clássico há cerca quatro anos; e há dois anos a adoção do método se intensificou. É, contudo, um procedimento muito caro. “Essa técnica é ou para éguas muito importantes, que precisam ser multiplicadas rapidamente, ou para sêmens muito difíceis ou muito caros, que tem pouca disponibilidade”, disse.
A falta de diversidade de linhagem também é um fator preocupante na criação, apontou a veterinária. “Se você olha três gerações para trás, verá que são sempre os mesmos”, disse.
Adriana Busato é médica veterinária formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPr), com mestrado e pós-graduação em ciências veterinárias. Especializou-se na criação de cavalos desportivos e há 35 anos é proprietária do Haras FB, onde cria cavalos da raça Brasileiro de Hipismo na região de Curitiba. Por 15 anos foi professora-adjunta de equideocultura e conformação e julgamento de equino do setor ciências agrárias da PUC-PR.
Na entrevista em vídeo, Busato também comentou sobre o que observar na conformação do cavalo e ressaltou que ela deve estar adequada à prática esportiva que o animal vai desempenhar. A busca pelo biótipo ideal foi também, ao longo dos anos, orientando criadores e stud books. A veterinária, que também salta provas de 1,35 m e 1,40 m, falou ainda sobre a hiperflexão no trabalho de plano.
“Você, às vezes, está passando do limite e não percebe. A tal da rédea alemã é uma desgraça. No adestramento, como está de freio-bridão e é uma embocadura mais violenta que a maioria das pessoas do salto usa, na hiperflexão, eles quebram o cavalo com o pescoço alto, quebram na nuca. O pessoal do salto quebra o cavalo para baixo, deixam o pescoço descer até o máximo que der e daí quebra embaixo. Os dois são ruins, mas com pescoço baixo é menos ruim”, analisou.
Assista à entrevista na íntegra: