Conformação do cavalo tem de ser para a função que ele vai desempenhar

“A conformação do cavalo tem de ser para a função que ele vai desempenhar. Queremos um cavalo bonito que performe.” Assim a médica veterinária Adriana Busato iniciou sua palestra acerca da conformação ideal do cavalo de adestramento para uma plateia que mesclou atletas e estudantes de veterinária, no último dia 10 de outubro em São Paulo.  

Estudar a conformação ajuda a identificar causas de futuros problemas físicos, identificar aptidões reais do animal antes de “perder tempo com ele” e identificar o melhor animal para o serviço e que ficará são pelo maior tempo possível. Ao longo dos anos, explicou Busato, as grandes associações de raça trabalharam a genética de modo a especializar as diferentes raças. Mas isto faz com os cavalos especializados para um determinado esporte ou função não tenha sucesso em outro.

“Às vezes, olhamos o cavalo e ele tem defeitos específicos, mas no conjunto é harmônico. O que te chama atenção é porque está fora [do padrão]”, ressaltou antes de começar a entrar mais a fundo na parte de conformação. No adestramento, ela explicou que se deve buscar montabilidade e ter condições físicas para aguentar as provas. “Não adianta andar para ‘burro’ e ninguém ficar em cima.”

Ao comentar os cavalos de adestramento nos Jogos Equestres Mundiais (WEG, na sigla em inglês), a médica veterinária mostrou que, entre os dez primeiros, 60% dos cavalos eram  de origem alemã e 40%, KWPN. Se contabilizados os 29 mais bem-colocados, os cavalos alemães são 65,5% — sendo três da raça trakehner, mas de linhas diferentes —,  31,03% de origem KWPN e 3,47% eram lusitanos.

Ela chamou a atenção para Cosmos, montado por Sönke Rothenberger, que tem linhagem completa de salto e lembrou que o Dragão das Figueiras (Único em Valeria por Xaquiro) foi o primeiro garanhão lusitano a receber, em 2018, permissão para cobrir 20 matrizes da raça oldenburg.

Na palestra, Busato passou por todas as partes do cavalo, comentando as características desejadas e as consequências que determinadas conformações podem ter para o desempenho no esporte. “A garganta faz toda a diferença. Garganta grossa e
fechada não tem espaço para a glândula parótida funcionar”, explicou.

Sobre a flexibilidade do torso, Busato ressaltou a necessidade de se desenvolver a musculatura do abdômen para a coluna ficar flexível. O lombo do cavalo foi desenhado para “engajar” como uma mola.

Nas cerca de 2,5 horas de palestra, a médica veterinária detalhou a conformação ideal para todos os membros do cavalo visando à prática de adestramento. Ao terminar, ressaltou que a real aptidão vem da combinação do modelo, do temperamento, da vontade de trabalhar e da inteligência do animal. E, acima de tudo, “da existência de um cavaleiro que entenda o que seu cavalo é capaz de dar, que o respeite e se divirtam juntos seja em que nível for”.

Busato é médica veterinária formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPr), com mestrado em ciências veterinárias. Especializou-se na criação de cavalos desportivos e há 35 anos é proprietária do Haras FB, onde cria cavalos da raça Brasileiro de Hipismo na região de Curitiba. Por 15 anos foi professora-adjunta de equideocultura e conformação e julgamento de equino do setor ciências agrárias da PUC-PR.

Em setembro de 2017, ela ministrou palestra falando sobre a conformação ideal para cavalos de adestramento e salto, mostrando os aspectos de morfologia (leia mais aqui) que são almejados para que o animal seja um bom atleta. Organizada pela Virtual Stables, a palestra foi realizada no último dia 10 de outubro no auditório do Senac, em São Paulo.

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