Em um relato em primeira pessoa, o brasileiro Rodolpho Riskalla contou sua trajetória à “The Para Equestrian Digest”, revista online criada pela Federação Equestre Internacional em fevereiro para dar visibilidade aos atletas de paraequestre e às pessoas ligadas ao esporte para que eles pudessem compartilhar – em suas próprias palavras – suas experiências pessoais e histórias de deficiência. Em março, a edição perfilou Beatrice De Lavalette, dos Estados Unidos, e a edição de estreia foi com a cinco vezes medalha de ouro em Jogos Paralímpicos e duas vezes no Campeonato Europeu, Natasha Baker.
“Mudei-me para Paris, na França, em 2012, para treinar e desenvolver minhas habilidades como atleta de adestramento para poder representar o Brasil nas Olimpíadas. Depois, em 2014, comecei a trabalhar na casa de moda Christian Dior, um trabalho que me deu a chance de fazer outra coisa, além de andar a cavalo! Em agosto de 2015, adoeci com meningite bacteriana, durante um feriado no Brasil, o que me levou a perder minhas pernas abaixo dos joelhos, assim como meus dedos. Quando a Dior soube o que aconteceu, eles me trouxeram de volta à Europa para todo o meu tratamento e apoiaram minha mãe e eu de todas as maneiras que podiam”, contou.
Naquele ínterim — e enquanto a Dior adaptava seu ambiente de trabalho às suas novas necessidades —, Riskalla começou a treinar para os Jogos Paralímpicos do Rio. “A Dior permitiu que eu tivesse um horário flexível de trabalho para que eu pudesse ter tempo de me preparar para os Jogos”, relatou. Do lado do trabalho, ele percebeu que gostaria de se envolver na parte de organização de eventos da Dior, que arranjou uma vaga para Riskalla nessa área.
“Comecei a trabalhar com a equipe de eventos da Dior, em 2017, auxiliando na organização dos bastidores de alguns desfiles de moda. Mas era difícil fazer esse trabalho e acompanhar meu cronograma de treinamento ao mesmo tempo. Então, a direção da Dior tinha outra proposta, que era ficar na equipe de eventos, mas cuidar de todas as exposições de obras de arte. Isso me permitiu ter um horário mais flexível para que eu pudesse treinar e ir a todas as minhas competições. Já se passaram cinco anos e ainda gosto do que faço na Dior”, explicou.
“Eu me considero muito sortudo por trabalhar para um empregador socialmente responsável como a Dior; e acredito que outras empresas podem aprender muito com sua cultura de inclusão. A gerência da Dior está aberta a trabalhar com qualquer pessoa com deficiência e encontrará maneiras de adaptar o ambiente de trabalho às necessidades específicas da pessoa. É importante ressaltar que não há cultura da vergonha, portanto, não há absolutamente nenhum problema em declarar sua deficiência. As empresas desempenham um papel importante ao mostrar que as pessoas com deficiência têm a capacidade de fazer o trabalho sem problemas. E, assim, envia uma forte mensagem para a sociedade de que é possível dar uma forte contribuição para o local de trabalho, mesmo com deficiência”, completou.
Leia (en inglês) o depoimento completo aqui.