Prata no adestramento paraequestre no grau 4, o cavaleiro paraequestre Rodolpho Riskalla conquistou a única medalha, até o momento, do Brasil nesta edição dos Jogos Equestres Mundiais, realizada em Tryon, nos Estados Unidos. Montando Don Henrico, Riskalla fez 73,366% na prova individual dia 18/9 e garantiu o segundo lugar. “Don Henrico estava ótimo, mesmo com esse tempo úmido e calor. Ter chegado uma semana antes da prova nos deu tempo suficiente para preparar bem o cavalo. Estamos supercontentes”, disse ao Adestramento Brasil.
Para Riskalla, um ponto alto de sua apresentação foi o galope. “Realmente, esse é o nosso ponto forte, mas ele tem boa qualidade nas três andaduras”, disse. Riskalla está com Don Henrico há pouco mais de um ano com objetivo de competir em WEG. De propriedade de Ann Kathrin Linsenhoff e Klaus Martin Rath, o animal foi emprestado a Riskalla para disputar o mundial e, conseguindo vaga, os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
Em entrevista em vídeo ao Adestramento Brasil dias antes da competição, Riskalla falou que sua preparação para a disputa no adestramento paraequestre em WEG-Tryon 2018 envolveu provas de paradressage e provas de São Jorge e intermediária 1. “No paraequestre não tem a mesma quantidade de provas que no regular e também queria voltar a fazer o circuito de adestramento”, contou.
Estreante em Jogos Equestres Mundiais, Riskalla competia no adestramento desde os oito anos, incentivado e treinado por sua mãe, a juíza e treinadora Rosangele Riskalla. Bicampeão Sul-Americano, tricampeão Brasileiro e único atleta do país em uma FEI. World Breeding Dressage Championships for Young Horses (2013), Riskalla sonhava em integrar a equipe brasileira nos Jogos do Rio 2016. Conseguiu, mas na Paralimpíada, em uma historia de coragem e superação.
Depois de passar temporadas na França e na Alemanha em busca de aperfeiçoamento técnico, em 2015, Riskalla se estabeleceu em Paris. No mesmo ano, precisou voltar ao Brasil em razão do falecimento de seu pai e, duas semanas depois, contraiu meningite bacteriana. A luta pela vida foi intensa, inicialmente, fazendo tratamento em São Paulo e depois em Paris. Teve de amputar a parte inferior das duas pernas, a mão direita e parte dos dedos da mão esquerda.
Menos de um ano após ter contraído a doença, Riskalla voltou a montar e passou a sonhar com os Jogos Paralímpicos Rio 2016. Participou de seletivas na Europa e conquistou vaga no Time Brasil Paraequestre na Paralimpíada do Rio 2016, quando terminou em 10º lugar no então Grau 3, hoje Grau 4.
No grau 4, a holandesa Sanne Voets fez 73,927% com Demantur N.O.P. e ficou com o ouro. O bronze foi para Susanne Jensby Sunesen e CSK’s Que Faire com 73,146%. Confira os resultados completos aqui.
Joca fica em 6º
No grau 2, Marcos Fernandes Alves (Joca) fez 64,382% com Vladimir, ficando na sexta colocação. O brasiliense, que completa 57 no próximo domingo (23) e treina no Centro Hípico Gama, de sua propriedade, vem representando o País desde que o adestramento paraequestre passou a fazer parte dos Jogos Equestres Mundiais em 2010, em Kentucky.
Joca também participa de Jogos Paralímpicos desde Atenas 2004. Conquistou duas medalhas de bronze (provas técnica e estilo livre) nos Jogos de Pequim 2008 e foi 7º lugar no Paralímpico do Rio 2016. Entre outras conquistas, foi 4º por equipe e no individual da prova técnica no Campeonato Mundial Paraequestre 2007 em Hartpury, na Inglaterra; ouro na prova técnica e no estilo livre e prata por equipe no Parapan de Mar Del Plata 2003, na Argentina.
No grau 2, o ouro foi conquistado por Stinna Tange Kaastrup, da Dinamarca, que montando Horsebo Smarties fez 72,735%. A prata foi para Pepo Puch, da Áustria, com Sailor’s Blue e 72,676%. E Nicole den Dulko foi medalha de bronze com Wallace N.O.P. e 70,735%. Resultados completos aqui.
O Brasil tem ainda dois concorrentes no grau 1: Sergio Froés Ribeiro de Oliva compete às 14h06 (hora local, uma a menos que no Horário de Brasília) com Coco Chanel M e Vera Lucia Martins Mazzilli, às 15h24, com Ballantine.
O Reino Unido, até esta quarta-feira (19/09) pela manhã, lidera com três medalhas de ouro e duas de bronze, seguido da Alemanha com duas de ouro e três de bronze e dos Estados Unidos com uma de ouro, três de prata e uma de “A Inglaterra, realmente, é a potência no paraequestre. Se a gente conseguir fazer uma média de 72%, 73% de média geral final, podemos pensar em brigar para por medalha”, afirmou Riskalla, na entrevista em vídeo.
Entenda a competição do paradressage
O adestramento paraequestre segue os mesmos princípios do adestramento regular. A única diferença é que os cavaleiros e amazonas têm lesões físicas e passam por avaliações para serem classificados segundo o grau das deficiências.
A competição de adestramento paraequestre em WEG-Tryon 2018 começa pelas provas individuais, com definição dos ganhadores separados pelos graus dos concorrentes. Depois, os países montam seus times para a disputa valendo medalhas por equipes.
A prova está marcada para começar na terça-feira (18/9), às 9h30, com competições individuais nos graus 4, 2 e 5 e entrega de medalhas para cada um dos graus. No dia 19/9, competem os conjuntos dos graus 3 e 1 e também são atribuídas medalhas aos três melhores. Essa prova serve também como classificação para a final no estilo livre no dia 22/9. Passam para a final freestyle os oito conjuntos mais bem colocados em cada um dos graus, desde que tenham atingido o porcentual mínimo de 60%.
No dia 20/9, inicia-se a disputa por equipe. Cada país precisa apontar quais conjuntos compõem a equipe de quatro ou três conjuntos, sendo que obrigatoriamente ela precisa ser composta de, pelo menos, um atleta de grau 1, 2 ou 3 e não mais que dois conjuntos por grau. A contagem de pontos é a somatória de três membros do time.
Valendo por equipes, as provas serão dia 20/9 para graus 5, 2 e 4 e dia 21/9 para graus 3 e 1. A cerimônia de premiação por equipes será dia 21 de setembro, após o término das provas.
A competição individual no freestyle será dia 22/9 — depois de os cavalos serem submetidos a nova inspeção veterinária. Os conjuntos dos graus 1, 2 e 3 devem apresentar provas com duração de quatro minutos a quatro minutos e trinta segundos e os de graus 4 e 5 de quatro minutos e trinta segundos a cinco minutos. Os conjuntos de todos os graus competem dia 22/9.
Fotos: divulgação CBH/Luis Ruas
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