Lima, Peru — Além de juíza internacional FEI 5*, Maribel Alonso é a delegada técnica para adestramento nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. De modo geral, ela é responsável por fazer com que as competições sigam as regras da Federação Equestre Internacional (FEI). Alonso é mexicana e, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, foi a presidente do júri. Ela recebeu Adestramento Brasil para uma entrevista exclusiva no dia 26/07, assim que acabou a inspeção veterinária. Confira a seguir os principais trechos.

Adestramento Brasil — Qual é a sua função como delegada técnica?
Maribel Alonso — Como delegada técnica, tenho a função de fazer com que se cumpram as regras da FEI [Federação Equestre Internacional] e as que estão no manual do Pan [veja aqui] que estabelece quais são os princípios que deverão a ser seguidos. Eu tenho de fazer a coordenação com os stewards, com o organizador do evento, com a comissão veterinária e dar conta do fluxo completo da competição, além de assegurar-me que todos estejam dentro das normas e que, se surge algum problema, que se solucione pela via correta.

Quanto tempo leva para preparar tudo?
Para o meu trabalho, normalmente, chego uns quatro a cinco dias antes do evento e fico até o final das provas. Durante todos os dias, fico acompanhando e apoiando tanto a organização e aos competidores para que todas as normas se cumpram e ajudar-lhes se der problemas. Isto com a ajuda dos stewards, que são uma peça-chave neste trabalho.

Quantas pessoas trabalham?
Há muitos stewards, porque eles precisam supervisionar os treinos, as quadras e a estância dos cavalos aqui — e são muitos cavalos, contando todos. Acho que chega a 140 animais. Temos uma steward geral de adestramento que é a Lisa Gorretta, dos Estados Unidos. Uma grande fortaleza deste evento é que há muita gente e são pessoas muito qualificadas, comprometidas e dispostas a dar o melhor esforço para este esporte — e, se não fosse por estes voluntários, seria impossível organizar um evento deste.

Como foi a logística com os cavalos?
Eles começaram a chegar desde o dia 19 e ainda estão chegando [por causa das outras modalidades]. Os últimos de adestramento chegaram dia 22/07.

O que você achou das instalações?
Eu estive aqui [na Escola de Equitação do Exército] há seis anos e a diferença é impressionante. Os estábulos são espaçosos, bem ventilados, com acabamentos lindos e muito cômodos e com passarelas amplas para que os animais possam caminhar. A clínica veterinária é uma maravilha. O piso de todas as pistas é excelente, feito de fibra com areia pelo especialista em footing Christian Baur.

Quantas pistas são e como se dá a organização dos treinos?
Seis: uma principal, duas antepistas, mais duas antes e um espaço onde os cavalos possam ficar. Há horários para os cavalos usar as pistas por disciplina e por equipes. Assim podem sair, experimentar as pistas. Às vezes, mais de uma vez ao dia e também pode levar o cavalo para pastar para que se relaxe, tranquilize.

Os países que trouxeram cavalos reserva passaram na inspeção veterinária. Como funciona?
Esta é a parte estratégica dos Jogos, você vem com quatro titulares e um reserva, mas nem todos os países puderam trazer cavalos reserva. Os que puderam trazer reserva, como Brasil, têm a sorte de ter cinco cavalos que passaram na inspeção veterinária. Quando traz reserva tem de passar na inspeção, porque ainda da inspeção até a competição faltam dois dias e eles têm até as 7 da manhã do dia 28/7 para fazer trocas.

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E depois?
No dia 27/7, é sorteio e a familiarização dos conjuntos na pista principal, onde serão as provas. Todos podem montar com a pista decorada como estará no dia da prova. Cada país tem 15 minutos dentro do retângulo e 15 min fora. Depois tem a reunião com os chefes de equipe, que é quando eles têm de entregar para mim a ordem que querem que os conjuntos se apresentem. Temos no Pan um formato mix, que é mais complicado. Primeiro se faz o sorteio dos individuais, depois das equipes e sempre primeiro small tour e depois big tour. As ordens de entrada dos dias 28 e 29 são iguais.

Quais são suas expectativas para os Jogos?
Creio que vão ser muito interessantes onde vamos ver cavalos muito bons, creio que em geral o nível geral do continente, de toda Américo, há melhorado. A vantagem de um evento esportivo deste tamanho é que ajuda a competição. Nada ajuda mais o esporte que aumentar a competição, porque ela eleva o parâmetro e te leva um passo mais acima. Quando só competimos dentro do país, se limitam os horizontes e as opções.

Esta melhora que a senhora falou, desde quando a vê?
Creio que há havido uma mudança gradual neste tema. Falando do Brasil, já que você é brasileira, o País mostrou uma mudança radical baseada em vários elementos. Um deles é que o Brasil produz muitos cavalos e eles estão sendo consumindo no mercado interno e isto ajuda. É um dos países que mais produzem cavalos no mundo, de todos os tipos de cavalos, é verdade, mas os produzem. Além disto, Brasil teve ginetes famosos em salto com Pessoa e na prova completa também. Como a preparação para os Jogos do Rio, houve um investimento importante em treinadores e competências; e isto deixou um legado. E também há ginetes montando fora do Brasil. Este caminho se nota.

Você também fez parte dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Como foi a experiência?
Eu fui presidência do júri e foi uma grande experiência, fantástica. As instalações eram agradáveis e foi uma surpresa para todos os europeus, ademais do clima.

Adestramento Brasil está no Peru, fazendo a cobertura in loco. Acompanhe todas as matérias dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019.

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