Na quarentena e seguindo o plano de levar os cavalos para a nova propriedade nos Estados Unidos, o trabalho na Sucandi está sendo focado na evolução dos cavalos novos. “As provas fazem muita falta, pois sem elas parece que não temos rumo. Continuo montando todos os dias, mas um pouco mais leve. E, como não têm provas, estou focando menos nas figuras e mais no trabalho em si. Tenho intercalado os treinos de pista com passeios no meu mini exterior”, contou Giovana Pass, em entrevista para a série que Adestramento Brasil está conduzindo com objetivo de entender como as restrições impostas pela pandemia e a suspensão das competições afetam haras, amazonas e cavaleiros.
O plano da transferência das atividades para os Estados Unidos já haviasido divulgado por Adestramento Brasil em setembro de 2019. À época, Roberta Pass explicou que até o fim de 2020 levaria os cavalos e os dois animais que têm piro seriam tratados para poder imigrar.
Adestramento Brasil — Para começar, conte brevemente um pouco da Sucandi.
Giovana Pass — O haras existe desde 2007 mais ou menos. Minha mãe comprou quando viu que eu realmente gostava de cavalos. Nós criamos lusitanos e, neste ano, estamos esperando nosso primeiro meio sangue lusitano. Temos cerca de 30 cavalos no momento, entre éguas, potros, cavalos à venda e os meus cavalos.
Como está a mudança para os Estados Unidos?
O haras está literalmente de mudança. Até o fim deste ano, estaremos na casa nova na Flórida. Então não ter competições não foi de todo mal, pois temos tempo de organizar toda essa loucura. Eu tinha algumas provas que gostaria de ter feito neste ano. Tanto aqui quanto na Europa com o Eleito. Mas agora vou focar em 2021. Estou entrando numa nova fase da minha vida, já que esse ano término a faculdade
Quais são os prós e contras de ficarmos sem provas?
As provas fazem muita falta, pois sem elas parece que não temos “rumo”. No meu caso, eu continuo montando todos os dias, mas um pouco mais leve. Como só tenho cavalos novos no momento, o treino está basicamente igual, pois a intenção é ensinar os potros. E, como não têm provas, estou focando menos nas figuras e mais no trabalho em si. Tenho intercalado os treinos de pista com passeios no meu mini exterior.
Como é a rotina dos treinos?
Nós temos dez cavalos montados que dividimos entre eu e o Rodrigo e mais dois sendo domados. Nós folgamos uma vez na semana, aos domingos. Procuramos sempre intercalar os treinos para ser um pouco mais “divertido” e dinâmico para os cavalos, lembrando de que quase todos são potros. Tem dia que montamos na pista, outro dia um trabalho de guia, no outro passeio e assim vai.
Quais medidas de segurança para preservar a saúde das pessoas foram tomadas no haras para evitar o contágio da Covid-19?
Nós estamos bem isolados da civilização. Então, acredito que o risco de contágio seja menor. Estamos tentando tomar todo o cuidado necessário. Quando temos que receber algum visitante (veterinário, ferrador etc.) usamos máscaras e estamos sempre atentos com a higiene das mãos e dos objetos. Também evitamos sair daqui, apenas para mercado ou farmácia. O bom é que estamos em bastante gente, então, o isolamento não é tão solitário assim.
Foto: divulgação / arquivo pessoal
SÉRIE ESPECIAL DE ENTREVISTAS — Quando o surto da Covid-19 chegou ao Brasil, as competições pararam e, para tentar frear o avanço da doença, a quarentena foi decretada. Contudo, quem lida com cavalos atletas sabe que o trabalho precisa seguir. Para entender como o período de pandemia está afetando profissionais e haras, Adestramento Brasil preparou uma série de entrevistas com diferentes coudelarias, amazonas e cavaleiros. Todas as entrevistas publicadas nos próximos dias estão reunidas nesta página.