Classificação no paraequestre vai além de identificar limitações

Para competir no paraequestre, os atletas precisam, antes de tudo, passar pela classificação funcional. Mas engana-se quem pensa que a avaliação serve apenas para identificar as limitações de cada pessoa. Sim, ela faz isso, mas é neste momento também que alguns parâmetros importantes — e que acompanharão o cavaleiro ou amazona em toda a sua vida esportiva — são definidos. Saber as limitações de cada um vai direcionar da escolha do melhor cavalo às ajudas compensatórias que poderão ser usadas nas competições, além de apontar como deve ser o treinamento do conjunto.

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“A finalidade das classificações funcionais é tornar as competições justas”, destacou Gabriele Brigitte Walter, única profissional brasileira credenciada pela Federação Equestre Internacional para fazer a classificação funcional dos atletas de paraequestre. Durante palestra promovida pela Confederação Brasileira de Hipismo, Walter explicou como o processo todo funciona e ressaltou a importância dele como base para o desenvolvimento do paraequestre.

As deficiências podem ser motora, sensorial ou intelectual, desde que associada à deficiência motora. Com base nisso, há uma divisão em cinco graus. A classificação é a declaração de um fato e não um teste de habilidade — cujo julgamento cabe ao juiz da prova durante a competição. Assim, a classificação deve ser entendida como um mecanismo que permite que pessoas com habilidade similar em sua parte funcional do corpo possam competir juntos da forma mais justa possível.

O processo da classificação começa com a decisão do atleta de competir e para se enquadrar no paraequestre ele tem de ter um diagnóstico elegível. Ele será então enquadrado em um dos 39 perfis existentes e depois será definido qual é o seu grau de competição. “Não é todo diagnóstico que torna a pessoa paratleta”, ressaltou Walter, acrescentando que pode haver comorbidades que restringem a prática deste tipo de esporte.

Para ser paratleta tem de ter pelo menos 15% de limitação, ou seja, de perda de função em uma área. Cada deficiência deve ser mensurável objetivamente e algumas limitações não são elegíveis, porque não são mensuráveis. “A primeira coisa que pedimos é mandar o diagnóstico médico para sabermos se vale a pena fazer a classificação ou não”, adiantou a classificadora.

Quando uma pessoa recebe uma classificação, a mesma vale por toda a vida, desde que não haja uma modificação no nível da lesão ou uma contestação da classificação.

Ajudas compensatórias
Durante o processo de classificação, serão definidas quais ajudas compensatórias o paratleta poderá fazer uso. “Nós analisamos as adaptações necessárias para o cavaleiro, para a segurança dele e para assegurar a sanidade do cavalo”, explicou Walter.

As ajudas servem para compensar a perda de uma função (por exemplo o uso de dois chicotes se não há controle das pernas), para auxiliar no controle de um membro (colocando os estribos atados à barrigueira) e para a segurança, como no caso dos estribos Devonshire. Todas as ajudas devem ser listadas para poderem ser utilizadas, mas, estar listada, não significa que obrigatoriamente tem de ser usada: o atleta pode optar.

“Fazemos uma lista do que de fato o cavaleiro possa a vir a precisar e nenhuma ajuda compensatória pode dar vantagem a um cavaleiro em cima de outro. Ela é desenhada para compensar faltas ou falhas motoras e são listadas em um documento do atleta paraequestre”, ressaltou Walter.

O classificador também acompanha as provas não apenas para verificar se tudo está ocorrendo da forma correta, como também para observar o cavaleiro montado e em situações do cotidiano (comendo, se locomovendo etc.) a fim de analisar se a classificação está compatível.

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