Fazia mais de uma década que Anne Gribbons não vinha ao Brasil. No início de junho, a juíza FEI L4/5*, pelos Estados Unidos, julgou o concurso internacional de adestramento no Clube Hípico de Santo Amaro, o terceiro de cinco CDIs realizados no Brasil para seleção da equipe que representará o País no caminho do Pan-Americano de Santiago. Foi no CHSA, durante o segundo dia do evento (sábado, 3/6), que Gribbons conversou com o Adestramento Brasil, quando compartilhou suas impressões das provas internacionais e nacionais, elogiou os cavalos novos e destacou a necessidade de se subir mais conjuntos para big tour, visando às Olimpíadas.
Anne Gribbons é juíza de adestramento de renome mundial e ex-treinadora do time olímpico dos Estados Unidos. Originalmente da Suécia, foi consultora técnica da Federação Equestre dos EUA para adestramento de 2010-2012. Ela viajou e mostrou 15 de seus próprios cavalos de GP e competiu em dez campeonatos nacionais e na Europa, incluindo o Aachen CDIO (Alemanha). Sete de seus cavalos foram nomeados “Cavalo do Ano”, pela Federação de Adestramento dos Estados Unidos.
Gribbons foi membro da equipe vencedora dos EUA medalha de prata dos Jogos Pan-americanos de 1995 (Argentina). É juíza cinco estrelas (atual nível quatro) da FEI e foi membro do Comitê de Adestramento da FEI de 2010 a 2013. Ela foi incluída no Roemer Foundation/USDF Hall of Fame em 2013.
Adestramento Brasil: É a sua a primeira vez no Brasil?
Anne Gribbons: Não. Já estive há alguns anos. Não sei exatamente quando. Faz uns 10 ou 12 anos, pelo menos. Então, foi interessante comparar com agora.
Observando as provas deste CDI e comparando com a última vez que você esteve aqui, quais são as suas impressões?
Em geral, a qualidade era mais fraca. Eu tenho certeza que os cavaleiros são mais instruídos agora. E, você sabe, levam anos para educar, instruir os atletas; eles simplesmente montam melhor. Também o que foi muito interessante para mim agora foram as provas de cavalos novos. Nas séries de quatro e cinco anos, havia uma mistura de cavalos muito, muito bons, ambos lusitanos e warmbloods. Todos muito bons. Foi divertido assistir, porque a qualidade do cavalo melhorou. Isso é realmente óbvio para mim; e também a qualidade das montarias e a seriedade da competição estão em um nível diferente. Esses cavaleiros mostraram que têm um objetivo, uma missão. E posso dizer a você que da última vez que estive senti que eles estavam felizes por estar no esporte. Agora, todos eles têm um objetivo, têm uma atitude diferente, são mais competitivos.
Estamos nas seletivas de equipe para os Jogos Pan-americanos que serão realizados em Santiago. Você teve a chance de conhecer o nível dos outros países que estão selecionando os times?
Bom, eu julguei muito nos Estados Unidos e eu tenho vários alunos que estão competindo, tanto em grande prêmio como small tour. Eu já vi isso no meu país, mas acabei de ir para o Canadá, onde eles tinham um nível muito bom de cavalos de small tour e estão todos dispostos a fazer isso. Eu estava no comitê de adestramento da FEI que mudou o processo para incluir grande prêmio. Fizemos isso para empurrar, em particular, a América do Sul para a qualificação incluir também cavalos de GP, para ir para grande prêmio e para que possam ir às Olimpíadas. E agora eles colocaram ainda mais pressão, porque costumávamos ter 1,5 ponto porcentual extra para os cavalos do grande prêmio e passaram para três pontos porcentuais. Isso é bastante novo, mas pensamos que seja bom o suficiente. Agora, você quase tem de ter, pelo menos, dois cavalos de GP em sua equipe e cavalos muito bons de small tour ou não vai funcionar. O propósito foi de acordar todo mundo aqui para seguir em frente.
Você é da opinião que os Jogos Pan-Americanos devem ser big tour como outros Jogos Continentais
Acho, eventualmente, que será, porque há outro propósito para isso. Se a América do Sul pudesse ter mais cavalos de GP competindo, então, também poderíamos ter mais cavalos daqui indo para as Olimpíadas, porque esse é o nível das Olimpíadas. Portanto, todo o objetivo é fazer com que todos se levantem e sigam para o grande prêmio.
E se poderia deixar os Jogos Sul-Americanos para small tour?
Sim, não há nada de errado em ter isso. E também poderia incluir nos Jogos Sul-Americanos ou Pan-Americanos uma série de small tour e outra de big tour separadamente. Outra coisa que queremos para as Américas é que possamos ter um Campeonato das Américas, que incluiria a América do Norte e a América do Sul. Isso nos tornaria capazes de fazer nossas próprias eliminatórias para as Olimpíadas sem ter que ir para a Europa. Esse é o verdadeiro objetivo.
Voltando a esse CDI, qual avaliação você faz das apresentações de small e big tour?
As provas de small tour foram mais fortes e hoje [sábado, reprises de intermediária 1] tivemos apresentações muito boas. O GP, neste CDI, não houve um estrelato e nenhum cavalo realmente excelente. É um pouco mais difícil julgá-los, porque os cavalos cometeram erros bobos, alguns eram inexperientes, outros não tinham as ajudas e assim por diante. Portanto, big tour foi realmente mais difícil de julgar, porque eles eram mais iguais; nenhum fora do comum ou que você soubesse que era o vencedor. E tudo também mudou da noite para o dia; uns foram melhores hoje [GPS] e outros ontem [GP] e vice-versa. Acho que não tivemos o mesmo vencedor, por exemplo. Vejo aqui big tour como um trabalho em andamento e isso é muito bom, porque tem que ser trabalhado. Eventualmente, haverá mais cavalos de GP aqui.
As apresentações de cavalos jovens foram muito interessantes, porque não me lembro de ver qualidade parecida com a última vez que estive aqui. E até mesmo a diferença entre a qualidade dos cavalos de quatro e cinco anos, em particular este ano, com os de seis e sete anos, os de sete anos, que são mais três anos de criação em relação aos de quatro, você vê que a qualidade dos cavalos mais novos é melhor. São muito competitivos, entendiam o que estava sendo pedido e com qualidades muito boas.
Seletivas
Ainda há mais dois CDIs a ocorrer no País. A CBH está avaliando os três melhores resultados, além dos critérios de qualidade técnica, a condição física do cavalo e cavaleiro, a postura do cavaleiro perante o processo observatório e seletivo, a avaliação clínica e o histórico do conjunto.
Seguindo a tradição de outras seletivas, este noticiário reúne em um documento os porcentuais finais alcançados pelos conjuntos, seguindo as regras apontadas pela CBH, cujo processo observatório começou em março. Para a seleção dos seis conjuntos, a CBH disse que vai observar os seis critérios abaixo:
- Os resultados;
- A qualidade técnica apresentada pelo conjunto;
- A condição física do cavalo e cavaleiro;
- A postura do cavaleiro perante o processo observatório e seletivo;
- A avaliação clínica por parte do veterinário da equipe de adestramento da CBH;
- O histórico do conjunto.
Os conjuntos observados terão os três melhores resultados computados da seguinte forma:
- Big tour: Resultado do GP, quando não houver GP especial (CDI 2*) ou quando a outra prova for GP freestyle;
- Big tour: Média dos resultados do GP e GPS;
- Small tour: Média dos resultados da prêmio São Jorge e intermediária 1.
É nisso que se baseia a tabela extraoficial de Adestramento Brasil (confira aqui) que aponta como está a disputa. São três abas: na primeira, encontram-se todos os resultados; na segunda, os três melhores, segundo a regra acima; e na terceira, links para regras e documentos.
Foto: LinkedIn



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