Por doping, Rodolpho Riskalla recebe suspensão até maio de 2024

O caso de Rodolpho Riskalla, medalhista paralímpico e mundial, que havia sido notificado pela agência pela Agência Internacional de Testes (ITA) por uma aparente violação de regra antidoping no CPEDI 3* Al Shaqab, em Doha, foi encerrado. Em nota, a ITA informou que o atleta foi penalizado com um período de inelegibilidade de 13 meses, após ele ter sido capaz de estabelecer que a substância proibida detectada (ligandrol) veio de um produto contaminado.

Riskala é um dos grandes expoentes do hipismo brasileiro, dono de medalha individual de prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, duas medalhas de bronze individuais no Campeonato Mundial de Adestramento Paraequestre de Herning 2022 e duas medalhas de prata nos Jogos Equestres Mundiais de Tryon 2018.

O atleta, que mora na Europa, foi sancionado com um período de impedimento de disputar provas de 13 meses, iniciado em 10 de julho de 2023 e que vigorará até 29 de maio de 2024 — a suspensão provisória cumprida pelo atleta foi creditada no período de inelegibilidade imposto. Os resultados obtidos de 25 de fevereiro de 2023 até o início da suspensão provisória do atleta, em 30 de março de 2023, foram desclassificados.

Adestramento Brasil questionou a Confederação Brasileira de Hipismo e o atleta sobre como (e se) isso afeta a participação dele e do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, mas nem Riskalla e nem a CBH retornaram os pedidos de entrevista. O site também questionou a CBH sobre a situação do cavalo Irish Coffee BH, uma vez que é montado por Riskalla e é de propriedade da confederação.

Os Jogos Paralímpicos de Paris começam em 28 de agosto e seguem até 8 de setembro de 2024.

Levanta-se a questão de que se a punição de Rodolpho Riskalla poderia interferir a qualificação do Brasil por equipe, uma vez que o prazo para as nações obterem vaga vai até 31 de dezembro de 2023. O Brasil disputa uma cota por equipe pela região das Américas que será designada com base no ranking de adestramento paraequestre da FEI.

Para classificar por equipe, o Brasil precisa obter mais pontos no ranking paralímpico por equipes. O principal rival é o Canadá, que também tem uma equipe no ranking e que ganhou a vaga do Brasil na Paralimpíada passada. Os Estados Unidos já se classificaram por equipe no Mundial de Herning. Se o Brasil não classificar a equipe, os três melhores cavaleiros das Américas (sem contar os que obtiveram vaga) no ranking paralímpico individual obtêm a vaga para seu país, sendo somente permitidos dois de uma mesma nação.

Atualmente, Riskalla conta com duas montarias: Irish Coffee BH, sela holandês de dez anos, e Hexagons Denzel, sela holandês de 15 anos. Riskalla competiu com ambos os cavalos no período em que foi liberado pela ITA e obteve MERs.

No CPEDI3* Sopot, na Polônia, entre 23 e 25 de junho, Rodolpho e Hexagons Denzel garantiram duas vitórias no grande prêmio A (72,607%) e GP B (72,500%) no grau cinco. Na mesma competição, mas com Irish Coffee BH, Rodolpho Riskalla venceu o GP estilo livre (78,008%) e foi 2º colocado, tanto no GP B (72,281%) quanto no GP A (72,008%).

No CPDI3* de Ornago, entre 7 e 9 de julho, Riskalla e Hexagons Denzel venceram de ponta a ponta, pontuando 73,163% no GP A; 74,518% no GP B e 78,017% GP freestyle. Com seus resultados, ele já está tecnicamente qualificado para Paris 2024 com seus dois cavalos, apontou a CBH em nota de antes da suspensão.

Para ser elegível, os conjuntos devem ter alcançado pelo menos uma pontuação de 64% em um evento FEI de adestramento paraequestre de nível 3* (CPEDI 3) ou superior em uma competição individual ou por equipe entre 1º de janeiro de 2022 e 31 de dezembro de 2022 ou tenham alcançado pelo menos uma pontuação de 64% em um CPEDI 3 ou superior em prova de grande prêmio teste A ou grande prêmio teste B de 1º de janeiro de 2023 a 19 de junho de 2024.

Entenda o caso de doping
A ITA lidera o programa independente de antidopagem para atletas humanos reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional e pela Federação Equestre Internacional (FEI). A agência informou que o caso foi resolvido por meio de um acordo sobre as consequências, de acordo com o artigo 8.3.1 das Regras Antidopagem da FEI para Atletas Humanos (FEI ADRHA) e disposição equivalente no Código Mundial Antidopagem . O artigo 8.3.1 diz que o atleta ou outra pessoa contra a qual uma violação antidoping é declarada pode renunciar expressamente a uma audiência e concordar com as consequências propostas pela FEI.

Riskalla também se qualificou para uma redução do período de inelegibilidade, que poderia ser de quatro anos, com base no acordo com o artigo 10.6.1.2 da FEI ADRHA. Esse artigo se aplica nos casos em que o atleta ou outra pessoa pode estabelecer que não houve não culpa significativa ou negligência ou que a substância proibida detectada (desde que não seja uma substância de abuso) veio de um produto contaminado. A penalidade, nesses casos, pode ser, no mínimo, de uma repreensão e nenhum período de suspensão até, no máximo, dois anos de suspensão, dependendo do grau de falha.

Talvez tenha pesado contra o atleta o fato de ele ter sido eleito, em setembro de 2022, para o Conselho de Atletas da Agência Mundial Antidoping (WADA), criado em maio de 2022 como parte de amplas reformas de governança com objetivo de aumentar a representação de atletas dentro da agência. Ele foi indicado à vaga pelo Comitê de Atletas da Federação Equestre Internacional (FEI) e foi um dos oito atletas (de 34 candidatos) eleitos para o Grupo 2.

Além deste posto, em novembro de 2022, Riskalla, juntamente com Rodrigo Pessoa, foi eleito para posto importante na Federação Equestre Internacional (FEI). O atleta paralímpico foi nomeado membro do Comitê Paraequestre da FEI para o mandato de quatro anos (2022-2026).

Em 30 de março, a ITA informou que uma amostra coletada durante a prova grande prêmio estilo livre grau 4 no concurso internacional de adestramento paraequestre (CPEDI 3) no Qatar, em 25 de fevereiro de 2023, retornou com resultado analítico adverso (AAF, na sigla em inglês – trata-se do nome técnico para o resultado positivo para o doping) para a substância proibida “SARMS LGD-4033 (ligandrol), um agente anabólico.

Depois, em 12 de junho, a agência informou que, após audiência perante o Tribunal Arbitral da Divisão Antidoping Esportivo (CAS ADD, na sigla em inglês), solicitada por Rodolpho Riskalla para rever a imposição da suspensão provisória obrigatória ao atleta em cumprimento às Regras Antidoping para Atletas Humanos da FEI (FEI ADRHA), o CAS ADD ordenou a liberação do levantamento da suspensão provisória, enquanto se aguardava a resolução do caso.

O atleta conseguiu demonstrar que a presença de ligandrol detectada em uma de suas amostras provavelmente se devia a um produto contaminado, informou a ITA. De acordo com o FEI ADRHA e o Código Mundial Antidoping, isso constitui um motivo válido para suspender a suspensão provisória obrigatória, acrescentou a ITA.

Com a derrubada da suspensão, Riskalla voltou às pistas. Ele competiu com Denzel e Irish Coffee BH no CPEDI3* Peelbergen, entre 15 e 18 de junho, pela primeira vez, no grau cinco do paraequestre. E seguiu competindo até a imposição da suspensão.

Riskalla tornou-se atleta paralímpico no fim de 2015 após contrair meningite bacteriana. O momento foi bastante crítico porque ele se preparava para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, nos quais esperava representar o País no adestramento clássico. Ele desafiou as probabilidades e foi competir nos Jogos Paralímpicos do Rio, poucos meses depois de sua doença lhe custar as duas pernas abaixo dos joelhos e a perda de dedos, terminando em 10º lugar individualmente.

Sua história de superação lhe rendeu o prêmio FEI Against all Odds de 2016. Ele também foi nomeado Cavaleiro Paralímpico do Ano pelo Comitê Paralímpico Brasileiro em 2018, 2019, 2021 e 2022.

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