Aos 26 anos, Murilo Augusto Machado está realizando um sonho: integrar a equipe brasileira nos Jogos Sul-Americanos de Assunção. Com Jorge VO, o cavaleiro da Coudelaria Ilha Verde foi escalado como reserva do time de adestramento no Odesur do Paraguai. Ele conquistou a vaga no CDI 3* no Centro Hípico de Tatuí, em agosto último — leia mais aqui. Na entrevista a seguir, o jovem cavaleiro conta como começou no adestramento, diz que dominar a área, da montaria à limpeza de baias, é algo que leva ao sucesso, revela suas expectativas para o campeonato e pondera que “o essencial é acreditar que se pode e dar o seu melhor todos os dias, pois é no dia a dia, nos detalhes e nas coisas que parecem pequenas que o resultado vem”.

Adestramento Brasil — Como você começou a montar? Conta um pouco de quantos anos tinha, onde foi, se alguém incentivou?
Murilo Augusto Machado — Eu comecei a montar na Coudelaria Ilha Verde com o incentivo do meu pai, que trabalhava lá desde quando nasci. Quando eu tinha uns 15 anos, comecei a me interessar mais e ir depois da escola ajudar o Rogério Clementino, o Cuta [Jeferson Rodrigo Pereira] e o pessoal do haras em troca de aula. Logo depois, o Rogério me contratou como seu tratador e eu fui aprendendo. Meu cavalo professor foi o Nilo! Ver todas essas oportunidades e o que eles conquistaram foi meu incentivo!
Sai de lá e me afastei por um tempo. Aí, com 20 para 21 anos, o João [Victor Oliva] me chamou para trabalhar com ele já como cavaleiro. Eu tinha pouca noção de tudo, nunca tinha competido nem domado um cavalo na vida, mas eles acreditaram em mim e me deram todo o suporte que foi essencial pra eu iniciar!
Por que optou pelo adestramento?
Eu optei pelo adestramento, porque foi o que estava mais próximo de mim. Até conheci outras modalidades, mas o adestramento foi o que me conquistou. Esse esporte é incrível, quanto mais aprendo mais me apaixono pela dimensão e capacidade dos cavalos!
Durante os anos montando, quais foram seus principais desafios e conquistas? Quais foram as melhores oportunidades e o que te deixou mais feliz nestes anos?
Eu acho que como é tudo novo pra mim, tudo é um desafio. Sempre que conquisto algo também conquisto a capacidade de fazer ainda mais, então, penso que a conquista é no dia a dia. Acho legal quando pegamos um cavalo do zero e tiramos uma primeira mudança; é uma sensação de conquista enorme! Acho que minha conquista mais feliz foi com o Jorge mesmo; desde da primeira montada até agora, tudo foi uma conquista com ele e o resultado é consequência do nosso trabalho em casa!
Tudo pra mim foi uma oportunidade enorme; tive a alegria de conhecer Aachen e acompanhar o João nos campeonatos na Europa e conhecer os melhores do mundo. Quando você tem esse tipo de oportunidade tem que aproveitar ao máximo. Aí pude ver o que o cavalo poderia proporcionar na minha vida!
Que dicas e lições você daria para quem está começando no adestramento?
Eu diria para quem está começando fazer o que eu também fiz que é pegar alguém de referência para ajudá-lo; por a mão na massa, aprender a fazer tudo, desde montar até limpar baia. Você tem que dominar a sua área por completo: esse vai ser o seu diferencial! Aproveitar todas as oportunidades referente ao cavalo. Olhar muito quem você acha bom e ver o que você pode aprender com ele! E, claro, sonhar muito, porque os sonhos que te levam a ação!
O que é essencial para se tornar um atleta competitivo no adestramento?
Eu acho que o essencial é você acreditar que pode, que é o melhor ou quer ser e dar o seu melhor todos os dias, pois é no dia a dia, nos detalhes e nas coisas que parecem pequenas que o resultado vem. O essencial é simples e, no adestramento, o tempo é o nosso melhor amigo. Tem que ser paciente, respeitar suas limitações e, principalmente, as do cavalo e entender que sucesso é um acúmulo de fracassos. Aprender com os erros é o mais importante, porque você vai errar muito. Só é bom aquele que aceita o erro, corrige e tenta de novo!
Falando de Odesur, qual tem sido a sua rotina de treino? Em que focou na quarentena?
Nossa rotina tem sido a mesma de casa. Trabalhar o que precisa melhorar e manter a forma! O foco é estar bem pra fazer uma boa apresentação!
Quais são as expectativas para o Sul-Americano? Já tem uma estratégia de prova que pretende usar? Qual é?
As minhas expectativas são as melhores possíveis. O clima da equipe está ótimo e os cavalos também! Nossa estratégia é manter isso e dar o nosso melhor!
Qual é o sentimento de representar o Brasil? Ansioso, nervoso… ? Como está lidando com isso?
O sentimento está incrível; é um sonho sendo realizado e a sensação é melhor do que o sonho! Representar o Brasil eu acho que é ser brasileiro, sendo você mesmo e fazendo o que faz todos os dias, pois foi isso que me trouxe aqui. Então, é só manter o que já faço. Isso não me deixa nervoso; me deixa confortável! A ansiedade bate sim, porque você quer viver essa experiência pela qual sonhou e lutou tanto. Eu sou bem tranquilo, busco o básico de todos os dias que é estar bem, comer e dormir bem. Sou bastante religioso, então, fazer as minhas orações, rezar o meu terço, no qual acredito e busco forças, aumenta minha fé e minha confiança que tudo concorre para o bem. É deixar nas mãos Dele, que conhece o meu futuro e me proporcionou estar nessa situação e, acima de tudo, aproveitar e me divertir!
O Sul-Americano do Paraguai classifica dois países por equipe para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, segundo explicou o diretor de adestramento Sergio de Fiori. Apenas Argentina, Brasil, Equador e Uruguai levarão times para competir por equipes no adestramento em Asu 2022. Além destes, o Paraguai e o Chile competem no individual. O Peru, que inscreveu quatro conjuntos na lista preliminar (nominated entries), não consta na lista de entradas definitivas.
As provas de adestramento nos Jogos Sul-Americanos do Paraguai começam em 1º de outubro com a inspeção veterinária (vet check) e seguem até 5 de outubro, quando serão disputadas as finais individuais. Confira o programa aqui.
A competição por equipes se inicia com as reprises de prêmio São Jorge (small tour) e de grande prêmio (big tour), que qualificam para a final por equipes. Para a final por equipes, os conjuntos de small tour executam a intermediária 1 e os de big tour, o GP especial.
Os 20 melhores conjuntos, inclusive empatados em 20º lugar, da inter 1 e do GP especial, se classificam para a final individual, exceto aqueles que pontuarem abaixo de 62% na inter 1 e 60% no GPS (incluindo os pontos de bônus). Na final, os conjuntos devem executar a reprise freestyle em música.
Os conjuntos disputando big tour recebem um bônus de três pontos porcentuais (3 p.p) para cada reprise. A bonificação é aplicada em todas as reprises: GP, GPS e freestyle.
Datas
- Abertura dos estábulos: sexta, 30/09/2022
- Inspeção veterinária: sábado, 01/10/2022
- Reunião de chefes de equipe: sábado, 01/10/2022
- Competição prêmio São Jorge: domingo, 02/10/2022 => qualificatória para final por equipes
- Competição grande prêmio: domingo, 02/10/2022 => qualificatória para final por equipes
- Competição intermediária 1: segunda, 03/10/2022=> final por equipe e qualificatória para final individual
- Competição GP especial: segunda, 03/10/2022 => final por equipe e qualificatória para final individual
- Inspeção veterinária para as finais: terça, 04/10/2022
- Competição intermediária 1 estilo livre: quarta, 05/10/2022 => final individual
- Competição GP estilo livre: quarta, 05/10/2022 => final individual
Cada país pode levar até cinco conjuntos, mas a equipe deve ser composta por um mínimo de três e um máximo de quatro conjuntos, ficando um para reserva. Caso o país não consiga participar com time, poderá inscrever até dois conjuntos para competir individualmente. Um tratador por conjunto é permitido.
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