SHP reabre para trânsito de animais na próxima sexta 28

A Sociedade Hípica Paulista liberará o trânsito de animais a partir da próxima sexta-feira (28/10), informou a entidade em comunicado (leia aqui) emitido nesta segunda-feira (24/10). A hípica estava fechada para entrada e saída de animais devido caso positivo para herpes vírus em dois animais. A SHP afirmou que a decisão foi tomada após orientações recebidas da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e considerando que não houve aparecimento de nenhum caso novo.

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A confirmação do diagnóstico ocorreu na última sexta (21/10), quando o trânsito de animais já estava cessado por precaução, após um animal ter sido levado à Universidade de São Paulo para investigação de doença. O resultado do exame de PCR, realizado com a amostra de líquor, foi positivo para herpes vírus nos dois animais que apresentaram sintomas.

A preocupação era de que se tratava da nova cepa do vírus, a forma neurológica do herpes vírus equino (EHV-1), mas o Clube Hípico de Santo Amaro, em nota, esclareceu que se tratou de uma doença endêmica e que, por isso, há condições seguras para a manutenção do manejo normal dos cavalos, bem como para a entrada e saída dos animais.

Inicialmente, a proibição de entrada e saída de animais na SHP terminaria em 03 de novembro. “A Sociedade Hípica Paulista realiza controle sanitário rigoroso de todo seu plantel, seguindo sempre as recomendações da Secretaria da Agricultura, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), federações/confederações reguladoras do esporte, como CBH e FEI, ao que diz respeito à vacinação, vermifugação, realização periódica de exames de triagem de anemia infecciosa e mormo, além do exigente controle de entrada e saída de animais, com conferência de toda documentação, incluindo a Guia de Trânsito Animal”, disse a nota da SHP, em 21/10, que informou o diagnóstico positivo para herpes vírus.

Nathália Clemente Frias afirmou ao Adestramento Brasil que os animais da SHP foram vacinados recentemente, há um mês, e que haveria uma avaliação para saber se há necessidade de reforço.

Entenda o caso na SHP
No dia 13/10/2022, dois animais alojados na Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista apresentaram sintomatologia neurológica aguda, sem nenhuma alteração prévia, sem histórico de trânsito há cinco meses e com esquema vacinal amplo atualizado. Segundo a SHP, os pacientes apresentaram ataxia, diminuição de propriocepção e um deles incontinência urinária. Após serem estabilizados, foram encaminhados ao Hospital Veterinário no mesmo dia, um período inferior a dez horas desde o aparecimento dos sintomas do segundo animal, para que fossem realizados exames detalhados e apurado o diagnóstico.

Após o encaminhamento, ainda segundo a SHP, houve acompanhamento diário da evolução, bem como divulgação dos boletins veterinários atualizados a todos, a fim de se evitar a propagação de informações equivocadas. Até a data da divulgação do comunicado, em 21/10, os animais seguiam estáveis, apresentando uma melhora gradativa.

Foram coletadas amostras de líquor, soro sanguíneo e swabs para a realização do diagnóstico diferencial para as seguintes enfermidades: encefalites virais (leste, oeste, Venezuelana, febre do oeste do Nilo, herpes vírus) e encefalomielite protozoária equina.

A SHP explicou que, diante do quadro apresentado, e em acordo com a literatura, optou-se pela prevenção e, portanto, restrição de trânsito e realização de torneios na Sociedade Hípica Paulista, “uma vez que promover o isolamento de animais que possam apresentar sintomas de qualquer doença é de grande valia para que surtos não se propaguem e a saúde e o bem-estar animal coletivo prevaleçam”.

Em nota, a hípica assegurou que, desde o início dos sinais e de suas internações, os animais da Escola de Equitação passaram a ter temperatura monitorada diariamente. Também afirmou que se determinou um local específico para a utilização dos contactantes e recomendou que todos os equinos alojados tivessem o monitoramento clínico e térmico diário. “Até a presente data, nenhum animal alojado na SHP apresentou alterações semelhantes ou dignas de nota”, diz o comunicado de 21/10.

Surto na Europa
No primeiro semestre do ano passado, houve um surto de uma nova cepa do EHV-1 principalmente na Europa, com dezenas de mortes de animais e que levou diversos eventos internacionais a serem suspensos ou cancelados. Por causa disso, a Federação Equestre Internacional (FEI) divulgou documento contendo recomendações e melhores práticas para o retorno das competições e que estão sendo aplicadas na SHP, segundo a gerente da vila hípica.

A FEI estipulou regras obrigatórias, incluindo medidas de segurança a serem tomadas antes de viajar, na chegada ao evento, durante a competição, procedimentos para caso um cavalo tenha de ir ao isolamento, além de indicações para saída do evento e retorno. A FEI também adicionou novos módulos ao FEI HorseApp para monitorar os principais requisitos obrigatórios nas medidas de retorno à competição — leia matéria aqui.

Estratégias para conter surto de herpes incluem vacinação e cuidados sanitários. Ainda que as vacinas existentes não sejam contra a nova cepa, ter os animais vacinados contra EHV-1 e EHV-4 é uma medida que tem sido adotada. Além disso, a aplicação de medidas de biossegurança para prevenção e controle é extremamente necessária, tais como isolamento dos animais doentes e limpeza e descontaminação dos utensílios e das instalações utilizadas no trato e na manutenção dos animais, assim como dos veículos de transporte.

Em 2021, Adestramento Brasil fez uma longa matéria com veterinários brasileiros explicando a nova cepa do EHV-1 e apontando como se precaver. “O que devemos fazer é se precaver no trânsito de animais, tendo cuidado com a entrada de novos animais à propriedade, ao recinto, ao clube hípico, ao jóquei, justamente, para não chegar animal novo sem atestado sanitário. O que temos de fazer é controlar as barreiras; as barreiras da própria fazenda, do clube hípico, do jóquei… este cuidado tem de ser efetivo com os veterinários responsáveis por cada um destes locais. Mas, como eu disse, às vezes, o animal chega sem sintoma, mas já é um transmissor da doença e este é um problema”, disse, à época, o veterinário Neimar Roncati.

Confira o especial de Adestramento Brasil sobre o surto de EHV-1 em 2021:

Evitar aglomerações, transportes e situações de estresse, além de sempre manter os animais vacinados foi a recomendação da veterinária Vanessa Sipas para prevenção da doença, que à época falou com o noticiário desde Portugal, de onde acompanhava o surto.

O herpes vírus (EHV, sigla para Equine Herpes Virus) tem diferentes cepas principais que causam doenças, a EHV-1 e a EHV-4 entre as nove estirpes existentes. Ambas estão distribuídas mundo a fora e são amplamente conhecidas por veterinários. “O EHV 1 é endêmico em todo mundo. O EHV são vírus DNA, pertencente à família Herpesviridae, ainda não temos a classificação exata dessa nova cepa, mas ela está relacionada ao EHV-1”, apontou Sipas.

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