Riskalla, sobre Tóquio 2020: “Acredito que temos reais chances de medalha”

Rodolpho Riskalla está classificado para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 por uma das duas vagas individuais às quais o País teve direito, após perder a cota por equipe para o Canadá. O brasileiro, que mora na França, contou ao Adestramento Brasil que acredita ter chances reais de medalha nos Jogos e falou de seus planos de longo prazo para disputar não apenas a para como também a olimpíada. É uma meta para Paris 2024. “Esse tipo de projeto leva muito tempo a ser preparado para ter resultados corretos. Não se pode achar que, no esporte de alto nível, em apenas alguns meses possamos nos tornar olímpicos ou paralímpicos”, pontuou.


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Riskalla vem fazendo uma boa campanha na Europa. Neste ano, no CDI 1* de Neumünster, na Alemanha, entre 13 e 16/2, o cavaleiro, montando Don Henrico, conquistou o 5º posto na reprise prêmio São Jorge, com 69,118%. Na reprise estilo livre intermediária 1, o conjunto fez 72,708% garantindo a quarta colocação.

Em WEG, o cavaleiro paraequestre conquistou duas medalhas de prata montando Don Henrico. Na na prova técnica grau IV, Riskalla atingiu 74,625% na prova freestyle grau IV registrou 77,780% no Tryon International Equestrian Center, na Carolina do Norte.

Em meados de 2015, o cavaleiro perdeu a parte inferior das pernas, dedos de uma mão e parte da outra em decorrência de uma meningite bacteriana. Menos de um ano depois, disputou os Jogos Paralímpicos do Rio 2016, classificando-se no 10º posto no grau 3. Atualmente, após mudanças na divisão das categorias, que passou de grau 1 a 5, Riskalla compete no grau 4.

No ano passado, o cavaleiro paralímíco venceu, na categoria hipismo, a nova edição do Prêmio Paralímpicos 2019, entregue pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Acompanhe a entrevista:

Adestramento Brasil — Você está classificado para representar o Brasil em uma das vagas individuais nos Jogos Paralímpicos de Tóquio e, atualmente, conta com dois cavalos – Don Henrico e Don Frederic. Com qual pretende ir aos Jogos e por quê?
Rodolpho Riskalla — Ainda não decidi com qual irei. Os dois já têm os índices mínimos para ir, dependerá dos resultados daqui até o momento final de escolher um.

De agora até os Jogos, como estão sendo e serão os treinos com cada um deles? Conte um pouco de sua rotina.
Monto os dois cavalos praticamente todos os dias cedo antes de ir trabalhar. Os dias que não monto eles passeiam. Quando tenho que ficar muitos dias fora por causa do trabalho, por exemplo, a minha irmã Victoria os monta ou minha mãe Rosangele os leva no redondel somente de cabeçada para corcovearem um pouco.

Como você escolhe as provas que participa, tendo em vista que compete tanto no paradressage quanto em provas de dressage?
Acabo sempre alternando entre paradressage e adestramento convencional. Com dois cavalos é mais fácil, pois, enquanto um descansa em casa, levo o outro para prova. Tento ir aos concursos mais importantes, mesmo muitas vezes sendo mais concorridos.

Daqui até Tóquio, em quantas provas pretende competir e como será a escolha dos animais para cada uma delas?
Irei ter um ou dois concursos, alternando os cavalos e entre o para e o convencional.

Após sua campanha com duas medalhas de prata montando Don Henrico em WEG, você vem sendo apontado como possível medalhista em Tóquio. O que isto representa para você?
É um sonho! Ter uma medalha em um campeonato ou jogos é muito importante. Estamos trabalhando muito duro para poder ter o melhor resultado possível. Não é fácil! Os cavaleiros e cavalos são muito bons, mas acredito que temos reais chances.

Como foi representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016, menos de um ano depois de ter perdido a parte inferior das pernas, dedos de uma das mãos e parte da outra em decorrência de uma meningite bacteriana? O que representou para você esta superação?
Foi incrível! Esses Jogos do Rio foram uma razão muito importante para eu seguir em frente e ver que muita coisa era possível ainda; acreditar e fazer o máximo para dar certo!

Em novembro último, você disse em reportagem à TV que queria disputar Olimpíada e Paraolimpíada. Isto não se concretizou, mas segue o plano? Quais são suas metas no longo prazo?
Isso não se concretizou para Tóquio, mas o plano segue para Paris 2024! A viabilidade deste projeto para Tóquio 2020 não era possível a tão curto prazo, por conta de falta de patrocínio e também de poder achar o cavalo correto. Também, como tenho grandes chances de medalha na Paralimpíada, se estivesse participando dos Jogos Olímpicos não poderia levar os dois cavalos ao mesmo tempo, o que significaria que meu cavalo principal ficaria praticamente 15 dias sem treinar logo antes das Paralimpíadas, que acontecem uns 15 dias depois.

Esse tipo de projeto leva muito tempo a ser preparado para ter resultados corretos. Não se pode achar que, no esporte de alto nível, em apenas alguns meses possamos nos tornar olímpicos ou paralímpicos. Também não acho que tentar ir a todo custo sem ter planejamento e resultados corretos confirmados em concursos internacionais seja bom para o atleta ou a nação que ele representa.

Para terminar, gostaria que contasse um pouco da sua história com cada um dos cavalos: desde quando os monta, entrosamento, o que vê de qualidades em cada um, temperamento deles, desafios que têm a vencer com eles etc.
Monto o Don Henrico há 2,5 anos. Ele é ganharão e, apesar de ele ter vindo para mim com 14 anos e ter sido um cavalo da equipe alemã de juniores, ele sempre foi mais sensível. Eu o conheço muito bem, ele me conhece e confia em mim, por isto que deu certo. Agora já temos entrosamento bom. Sei de seus bons e maus humores. Ele tem uma superqualidade, além da vantagem de conhecê-lo bem, que ajuda.

Tenho o Don Frederic há bem menos tempo. Ele chegou para mim em outubro, novembro do ano passado. Ele é irmão do Don Henrico, então, tem esta coisa de ter o mesmo tipo de caráter, às vezes, e o mesmo jeito de montar, mas ele tem muito mais potência, naturalmente, ele tem mais andadura e força. É agora questão de canalizar tudo isto. O cavalo tem 11 anos, então, estamos aprendendo a nos conhecermos e a vantagem é que ele é muito bom caráter, tem um coração enorme, pode estar acontecendo um monte de coisas em volta dele e, apesar de ele ser garanhão, tem um caráter mais fácil de lidar.

É cada um do seu jeito e gosto deles igualmente.

Também tenho muito a agradecer a minha mãe Rosangele Riskalla, que me treina todos os dias; a minha irmã Victoria Riskalla, que deixou de lado seus projetos pessoais neste ano para me dar suporte técnico no dia a dia e viajar com os cavalos em concursos; a Christian Dior Couture, que me ajuda desde 2016 nos meus projetos esportivos, e, claro, as proprietárias dos cavalos que concurso atualmente, Ann Kathrin Linsenhoff (Don Henrico) e Tânia Loeb Wald (Don Frederic), porque sem elas não poderia estar tendo todos estes resultados!! Também agradeço muito a CPB, Loterias Caixa e Bolsa Pódio; e a CBH, que por meio da Marcela Parsons e do Ronaldo Bittencourt, me apoiam para poder representar o Brasil e conseguir bons resultados.

Fotos: Stefan Lafrentz (abre) e arquivo pessoal (internas)

 

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