Pedro Tavares de Almeida ainda não disputou os Jogos Pan-Americanos. Em 2015, na edição de Toronto, ele foi escalado para a reserva, mas não chegou a competir. Agora, o atleta e Aoleo (SIS), com quem disputou a última edição dos Jogos Equestres Mundiais (WEG), estão em Lima (Peru) com a expectativa de defender o Brasil no Pan-Americano que começa na próxima sexta-feira 26/07.
Montando o puro sangue lusitano Aoleo (SIS), Pedro Almeida alcançou índices consistentes durante os concursos de adestramento internacional, CDIs 2* que serviram de seletiva para a equipe do Pan. Houve, inclusive, uma melhora das notas em comparação com os CDI 3* seletiva para WEG. Neste ano, a dupla registrou dois porcentuais acima dos 68% em grande prêmio — veja aqui o compilado de todas as notas das seletivas.
“Eu acho que a cada concurso se aprende algo novo sobre como seu cavalo vai reagir em lugares diferentes. Ao participar de Pan-Americano, Olimpíada ou Mundial, você aprende a ficar mais calmo, a não olhar tanto para o lado, porque no Brasil não tem competidor de fora e, quando você vai para fora, que tem os melhores do mundo, você aprende a ver que ninguém é de outro mundo”, contou em entrevista ao Adestramento Brasil antes de embarcar para o Peru. Ele conta que a convivência, nas provas no exterior, com os melhores do mundo lhe ensinou a focar mais no seu trabalho e a não se preocupar muito com que os outros vão fazer.
Ter um conjunto de big tour é fundamental para o Brasil, que, com o Pan, visa a conseguir uma vaga por equipe nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Pelas regras da Federação Equestre Internacional, só estão aptos a disputar uma das duas vagas disponíveis os países que se apresentaram com pelo menos um conjunto de big tour (isto é, competindo em provas de grande prêmio e GP especial). Além de Pedro e Aoleo, a CBH escalou Leandro Silva e DiCaprio para a seleção. Os nomes definitivos de quem entra na arena ainda não foram revelados.
Diferentemente de WEG, em Lima, a pressão deve ser forte, uma vez que o Brasil precisa, pelo menos, da medalha de bronze. “Tem uma pressão a mais”, reconhece. O time mexicano é o principal rival e com quem os brasileiros irão brigar pela medalha. O México, assim como o Brasil e Canadá, está com equipes mistas — isto é, compostas de conjuntos de small e big tour —, tornando-se aptos a disputar a seleção para Tóquio. “A pressão, apesar de ser um pouco a mais, não é diferente de qualquer outra grande competição na qual você entra para fazer o teu melhor”, pondera.
Os treinos do Aoleo para chegar bem a Lima foram focados em figuras e movimentos que ele tem dificuldade. “Eu mudei a rotina para fazer um treino um pouco mais intenso, mais curto e focado em movimentos específicos. Raramente, eu tenho feito treinos em um dia que engloba todos os movimentos do grande prêmio. Um dia faço apenas a parte do galope, em outro dia, a parte do trote. E uma ou duas vezes por semana, no máximo, eu passo um pouco de tudo junto para ver como está o cavalo”, contou, acrescentando que ele reagiu bem a este treino. “Subiram o nível e a qualidade técnica”, destacou.
Quando estiver no Peru, os treinos seguirão a mesma linha. “Não se pode mudar muito o treino quando está muito perto do campeonato; tem de fazer um pouco do que tem sido feito e focar nos detalhes para melhorar a pontuação”.
De família
A paixão pelos cavalos o acompanha desde sempre. “Minha mãe amarrava a gente com lençol na sela e nos puxava de outro cavalo”, contou em entrevista no ano passado. A família de sua mãe, Thereza, criava cavalos e ela praticava hipismo na modalidade salto. Não tardou muito para que seu o pai, Manuel, que, até então, não tinha relação com o animal, começasse a criar lusitanos. De lá para cá, passaram-se duas décadas e todos os quatro filhos do casal envolveram-se no hipismo em alguma fase da vida.
Pedro começou nas competições, aos nove anos, pela equitação de trabalho, modalidade típica do lusitano. Depois fez salto e adestramento, competindo nos dois, e chegando a disputar provas de 1,30 m. Por fim, o dressage venceu. Nesta jornada, Pedro conta que monta todos os dias desde os 12 anos de idade. A dedicação ao esporte não pode parar, principalmente, quando se chega ao nível das grandes competições internacionais.
O brasileiro vem acumulando experiência em grandes eventos mundiais há anos. Além de temporada em circuito de competições na Europa, Pedro integrou a equipe brasileira nos Jogos Equestres Mundiais de 2014, na Normandia (França), e de 2018 em Tryon (EUA). Na Normandia, ficou em 91º com Samba e nota de 61,529% no GP e em Tryon fez 62,578% com Aoleo, ficando na 72ª posição. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, montando Xaparro do Vouga, criação do haras da família, a Coudelaria Rocas do Vouga, Pedro ficou em 52º com 65,714%.
Ainda que seja difícil enumerar todos os cavalos que mais o marcaram, Samba e Xaparro tiveram papel fundamental na carreira de Pedro. Compreensível, uma vez que eles foram seus companheiros nas duas competições internacionais mais importantes do hipismo. “O Xaparro nasceu em casa e foi uma experiência muito bacana competir com ele em temporada na Europa e na Olimpíada”, conta, destacando que quem treinou o cavalo foi Edneu Senhorine.
Aoleo, comprado em Portugal quando tinha três para quatro anos de idade, foi treinado primeiro por seu irmão gêmeo. “Manuel pegou o cavalo na média 2 e ensinou todos os movimentos de GP para ele. Ele construiu o cavalo”, contou em entrevista no ano passado. Sua irmã Luiza também treinou Aoleo, mas, em 2017, os irmãos acabaram trocando as montarias. “O perfil do Aoleo é para um cavaleiro com um pouco mais ‘punch’ e a Luiza pegou o Baluarte do Vouga, que é um cavalo mais fino e encaixa melhor com a montada dela. Fizemos esta troca e deu supercerto”, explicou à época.
Foto: Jane Monteiro
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