Confirmados diagnósticos de herpes vírus em animais da SHP

Após ter o trânsito de animais cessado por precaução, após um animal ter sido levado à Universidade de São Paulo para investigação de doença, a Sociedade Hípica Paulista confirmou, nesta sexta-feira (21/10), que o resultado do exame de PCR, realizado com a amostra de líquor, foi positivo para herpes vírus nos dois animais que apresentaram sintomas. As demais amostras seguem em análise de painel viral. Questionada se poderia se tratar de um caso forma neurológica do herpes vírus equino (EHV-1), Nathália Clemente Frias, gerente de vila hípica da SHP, ressaltou a este noticiário que não é possível ainda afirmar qual é a cepa. “Estamos esperando o painel viral e é algo que pode levar até 15 dias úteis”, disse.

No primeiro semestre do ano passado, houve um surto de EHV-1 principalmente na Europa, com dezenas de mortes de animais e que levou diversos eventos internacionais a serem suspensos ou cancelados. Por causa disso, a Federação Equestre Internacional (FEI) divulgou documento contendo recomendações e melhores práticas para o retorno das competições e que estão sendo aplicadas na SHP, segundo a gerente da vila hípica.

A FEI estipulou regras obrigatórias, incluindo medidas de segurança a serem tomadas antes de viajar, na chegada ao evento, durante a competição, procedimentos para caso um cavalo tenha de ir ao isolamento, além de indicações para saída do evento e retorno. A FEI também adicionou novos módulos ao FEI HorseApp para monitorar os principais requisitos obrigatórios nas medidas de retorno à competição — leia matéria aqui.

“A Sociedade Hípica Paulista realiza controle sanitário rigoroso de todo seu plantel, seguindo sempre as recomendações da Secretaria da Agricultura, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), federações/confederações reguladoras do esporte, como CBH e FEI, ao que diz respeito à vacinação, vermifugação, realização periódica de exames de triagem de anemia infecciosa e mormo, além do exigente controle de entrada e saída de animais, com conferência de toda documentação, incluindo a Guia de Trânsito Animal”, diz a nota da SHP.

“Diante do quadro apresentado e, baseado na literatura, daremos sequência à restrição de trânsito animal até que se complete o período de 21 dias (contados a partir da saída dos animais sintomáticos), o que se dará no dia 03/11/2022, e que nenhum outro cavalo apresente sintomas neste período, sempre seguindo as orientações e diretrizes dos órgãos oficiais, que já foram notificados”, detalha o comunicado.

Nathália Clemente Frias acrescentou que os animais da SHP foram vacinados recentemente, há um mês, e que haverá uma avaliação para saber se há necessidade de reforço.

Com a confirmação do herpes vírus, o Clube Hípico de Santo Amaro (CHSA) decidiu que permanecerá fechado para entrada e saída de cavalos. O CHSA assegurou que não há qualquer caso suspeito nas dependências do clube e por isso liberou os cavalos que estavam em isolamento nas baias do campo de polo, oriundos de competições. Leia o comunicado.

O que fazer
Estratégias para conter surto de herpes incluem vacinação e cuidados sanitários. Ainda que as vacinas existentes não sejam contra a nova cepa, ter os animais vacinados contra EHV-1 e EHV-4 é uma medida que tem sido adotada. Além disso, a aplicação de medidas de biossegurança para prevenção e controle é extremamente necessária, tais como isolamento dos animais doentes e limpeza e descontaminação dos utensílios e das instalações utilizadas no trato e na manutenção dos animais, assim como dos veículos de transporte.

Em 2021, Adestramento Brasil fez uma longa matéria com veterinários brasileiros explicando a nova cepa do EHV-1 e apontando como se precaver. “O que devemos fazer é se precaver no trânsito de animais, tendo cuidado com a entrada de novos animais à propriedade, ao recinto, ao clube hípico, ao jóquei, justamente, para não chegar animal novo sem atestado sanitário. O que temos de fazer é controlar as barreiras; as barreiras da própria fazenda, do clube hípico, do jóquei… este cuidado tem de ser efetivo com os veterinários responsáveis por cada um destes locais. Mas, como eu disse, às vezes, o animal chega sem sintoma, mas já é um transmissor da doença e este é um problema”, disse, à época, o veterinário Neimar Roncati.

Confira o especial de Adestramento Brasil sobre o surto de EHV-1 em 2021:

Evitar aglomerações, transportes e situações de estresse, além de sempre manter os animais vacinados foi a recomendação da veterinária Vanessa Sipas para prevenção da doença, que à época falou com o noticiário desde Portugal, de onde acompanhava o surto.

O herpes vírus (EHV, sigla para Equine Herpes Virus) tem diferentes cepas principais que causam doenças, a EHV-1 e a EHV-4 entre as nove estirpes existentes. Ambas estão distribuídas mundo a fora e são amplamente conhecidas por veterinários. “O EHV 1 é endêmico em todo mundo. O EHV são vírus DNA, pertencente à família Herpesviridae, ainda não temos a classificação exata dessa nova cepa, mas ela está relacionada ao EHV-1”, apontou Sipas.

Entenda o caso
No dia 13/10/2022, dois animais alojados na Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista apresentaram sintomatologia neurológica aguda, sem nenhuma alteração prévia, sem histórico de trânsito há cinco meses e com esquema vacinal amplo atualizado. Segundo a SHP, os pacientes apresentaram ataxia, diminuição de propriocepção e um deles incontinência urinária. Após serem estabilizados, foram encaminhados ao Hospital Veterinário no mesmo dia, um período inferior a dez horas desde o aparecimento dos
sintomas do segundo animal, para que fossem realizados exames detalhados e apurado o diagnóstico.

Após o encaminhamento, ainda segundo a SHP, houve acompanhamento diário da evolução, bem como divulgação dos boletins veterinários atualizados a todos, a fim de se evitar a propagação de informações equivocadas. Até a data da divulgação do comunicado, em 21/10, os animais seguiam estáveis, apresentando uma melhora gradativa.

Foram coletadas amostras de líquor, soro sanguíneo e swabs para a realização do diagnóstico diferencial para as seguintes enfermidades: encefalites virais (leste, oeste, Venezuelana, febre do oeste do Nilo, herpes vírus) e encefalomielite protozoária equina.

A SHP explicou que, diante do quadro apresentado, e em acordo com a literatura, optou-se pela prevenção e, portanto, restrição de trânsito e realização de torneios na Sociedade Hípica Paulista, “uma vez que promover o isolamento de animais que possam apresentar sintomas de qualquer doença é de grande valia para que surtos não se propaguem e a saúde e o bem-estar animal coletivo prevaleçam”.

Em nota, a hípica assegurou que, desde o início dos sinais e de suas internações, os animais da Escola de Equitação passaram a ter temperatura monitorada diariamente. Também afirmou que se determinou um local específico para a utilização dos contactantes e recomendou que todos os equinos alojados tivessem o monitoramento clínico e térmico diário. “Até a presente data, nenhum animal alojado na SHP apresentou alterações semelhantes ou dignas de nota”, diz o comunicado desta sexta (21/10).

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